Identificado em ilhas do Chile, rayadito subantártico surpreende cientistas como espécie de floresta que conseguiu sobreviver no meio do oceano. Revelação confirma importância de monitorar regiões intocadas.
Por: Ana Paula Lisboa |Créditos da foto: Universidad de Magallanes-Centro Internacional Cabo de Hornos/Handout/REUTERS. Pesando apenas 16 gramas, Aphrastura subantarctica vive na tundra, mas é aparentado a espécie florestal
A descoberta de uma nova espécie de pássaro em ilhas no extremo sul das Américas lembra a importância de seguir observando os cantos mais remotos da Terra.
Trata-se do rayadito subantártico (Aphrastura subantarctica), uma ave marrom, com listras pretas e amarelas e bico grande, pesando apenas 16 gramas. Ele foi encontrado no Arquipélago Diego Ramírez, a 100 quilômetros do Cabo Horn, no sul do Chile. Sua existência foi revelada para o mundo em relatório publicado pela revista Nature na sexta-feira (26/08).
O pequeno grupo de ilhas subantárticas Ramírez tem clima de tundra. Além de geograficamente isoladas, elas não possuem predadores mamíferos terrestres nem plantas de lenho, pois o frio extremo, com estações moderadas breves, impede o crescimento de árvores.
A existência da nova espécie é ainda mais surpreendente por ela ser semelhante ao rayadito que habita as florestas do sul da Patagônia e vive em cavidades de troncos.
“Não há arbustos nem espécies de madeira: literalmente no meio do oceano um pássaro de floresta conseguiu sobreviver”, comentou à agência de notícias Reuters Ricardo Rozzi, da Universidade de Magallanes, no Chile, e da Universidade do Texas do Norte, além de diretor do Centro Internacional de Estudos sobre Mudança Global e Conservação Biocultural (Chic).
Durante o período de pesquisa, que levou seis anos, os cientistas capturaram e mediram na ilha 13 espécimes do rayadito subantártico. Em seu estudo, eles enfatizam a importância de “monitorar e conservar esse arquipélago ainda intocado, onde não há espécies exóticas”. A referência é a animais e plantas trazidos de outros locais, geralmente por humanos, que representam ameaça para as faunas locais.
O governo chileno criou o Parque Marinho Ilhas Diego Ramírez-Passagem de Drake em 2017, com o fim de proteger os pinguins, baleias e albatrozes raros da região. Ele abarca 144.390 quilômetros quadrados das águas meridionais do Chile, começando no Cabo Horn e estendendo-se para o sul até as 200 milhas da zona econômica do Chile, em direção à Antártida.
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