Ministra do Exterior britânica vence eleição interna para a liderança do Partido Conservador e sucederá a Boris Johnson como chefe de governo. Em meio à crise de energia e alta inflação, ela enfrentará série de desafios.
Créditos da foto: Hannah McKay/REUTERS
A atual ministra do Exterior do Reino Unido, Liz Truss, foi escolhida nesta segunda-feira (05/09) como nova líder do Partido Conservador, o que significa que será indicada pela legenda para assumir o lugar de Boris Johnson como primeira-ministra britânica.
A responsável pela diplomacia superou o ex-ministro da Economia, Rishi Sunak, na votação realizada pelos tories, conforme anunciou o próprio partido, em solenidade realizada em Londres.
Truss recebeu 81.326 dos votos dos cerca de 180.000 membros do partido, enquanto Sunak obteve 60.399. O resultado era esperado e confirma a vantagem registrada em várias sondagens publicadas desde julho.
A vitória de Truss, no entanto, não foi tão avassaladora quanto muitos previam. Desde que o Partido Conservador mudou suas regras eleitorais internas para dar aos membros uma palavra final, nenhum líder obteve menos de 60% dos votos.
Truss recebeu 57% dos votos dos membros, em comparação com 66,4% obtidos por Boris Johnson, em 2019; 67,6% por David Cameron, em 2005; e 60,7% por Iain Duncan Smith, em 2001. Theresa May não foi eleita por meio da votação.
Truss, de 47 anos, será a terceira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra do Reino Unido, após Margaret Thatcher e Theresa May. Ela será ainda a quarta premiê do Partido Conservador desde as eleições gerais de 2015.
Durante esse período, o país foi castigado por uma série de crises, incluindo a saída da União Europeia (UE), e agora enfrenta o que se prevê ser uma longa recessão desencadeada pela disparada da inflação, que atingiu 10,1% em julho.
Desafios à frente
Como chefe de governo, Truss prometeu agir rapidamente para enfrentar a crise do custo de vida no Reino Unido, afirmando que em uma semana apresentará um plano para enfrentar o aumento das contas de energia e garantir o abastecimento futuro de combustível.
“Precisamos mostrar que vamos entregar nos próximos dois anos. Vou entregar um plano ousado para cortar impostos e fazer crescer nossa economia”, afirmou ela após o anúncio do resultado.
“Vou responder à crise de energia, lidando com as contas de luz dos cidadãos, mas também lidando com os problemas de longo prazo que temos no fornecimento de energia.”
As contas médias anuais dos serviços públicos domésticos no Reino Unido devem aumentar 80% em outubro, para 3.549 libras, além de um aumento esperado para 6.000 libras em 2023, dizimando as finanças pessoais dos britânicos.
Ao longo da campanha, Truss sinalizou ainda que romperia paradigmas ao eliminar os aumentos de impostos e cortar outras taxas, em um movimento que alguns economistas dizem que alimentaria a inflação.
Kwasi Kwarteng, amplamente cotado para ser seu ministro das Finanças, tentou acalmar os mercados em um artigo no jornal Financial Times, dizendo que, com Truss como primeira-ministra, haveria “algum afrouxamento fiscal”, mas que seu governo agiria “de forma forma fiscalmente responsável”.
“O segundo mandato mais difícil do pós-guerra”
Truss enfrenta uma longa, custosa e complicada lista de afazeres, que os parlamentares da oposição afirmam ser resultado de 12 anos de um governo conservador fraco. Vários pediram eleições gerais antecipadas – algo que Truss adiantou que não permitirá.
O veterano parlamentar conservador David Davis descreveu os desafios que ela enfrentará como chefe de governo como “provavelmente o segundo mandato mais difícil dos primeiros-ministros do pós-guerra”, após a conservadora Thatcher em 1979.
Truss afirmou que planeja nomear um gabinete forte, dispensando o que uma fonte próxima a ela chamou de “estilo presidencial” de governo, e terá que trabalhar duro para conquistar alguns parlamentares de seu partido que apoiaram Sunak na corrida interna.
O think tank Institute for Government acredita que Truss terá um início de governo mais complicado do que qualquer um de seus antecessores, já que ela não era a escolha mais popular entre os legisladores de sua legenda.
Transição de governo
O anúncio da vitória de Truss dá início à transição de governo, encerrando a gestão de Johnson, que foi forçado a anunciar sua renúncia em julho, após uma série de escândalos.
Johnson viajará à Escócia para se encontrar com a rainha Elizabeth 2ª nesta terça para apresentar oficialmente sua renúncia. Truss será então requisitada pela monarca a formar um novo governo.
As reuniões ocorrerão no Castelo de Balmoral, no norte escocês, onde a rainha se encontra, rompendo com a tradição de ocorrer no Palácio de Buckingham. Um porta-voz da monarca de 96 anos informou que problemas de mobilidade impossibilitam a viagem até Londres.
Veja em: https://www.dw.com/pt-br/liz-truss-ser%C3%A1-a-nova-primeira-ministra-do-reino-unido/a-63021632
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