Num tempo de pressão neoliberal incessante, alarme climático e ameaça de guerra, é promissor surgir uma coalizão que vê, na valorização do trabalho, uma saída. Ela é especialmente importante para os profissionais universitários
Por: Allen Habert
A economia global está em crise. O esgotamento exponencial dos recursos naturais,o declínio da produtividade, o crescimento lento, o aumento do desemprego e o acentuar das desigualdadesforçam-nos a repensar os nossos modelos econômicos. Para onde vamos?
A crise climática que sucedeu o termo mudanças climáticas ganha a atenção da opinião pública mundial coroando a situação de incertezas que ronda as entranhas do mundo do trabalho, da economia e da vida.
Frente a isto lançou-se esta semana em Nova York, de forma inédita e aproveitando a abertura da 78º Assembléia Geral da ONU ,uma iniciativa histórica e impactante. O Brasil e os EUA, juntos pela primeira vez nesta área, apresentaram uma proposta inicial denominada “Coalizão Global pelo Trabalho”. Formatada por meio do ministério do Trabalho e do Emprego do Brasil, do departamento do Trabalho dos EUA, das centrais sindicais e organizações empresariais, das chancelarias, de congressistas e dos presidentes Lula e Biden a iniciativa tem como objetivo criar um roteiro audacioso, um caminho horizontal e crescente para enfrentar os desafios colocados pelo mundo do trabalho, do capital e dos governos.
Itens como a liberdade sindical, as garantias aos trabalhadores e trabalhadoras por aplicativo, a defesa dos direitos trabalhistas contra a precarização do trabalho em nível global e à luz da realidade do século 21, fazem parte da agenda. Ela baseia-a se numa compreensão comum de que a saída para as crises dependerá de uma integração e participação de cada agente econômico e social. Não haverá sucesso e futuro se se acreditar que as soluções virão por cima. Daí esta convocação para uma espécie de refundação das relações até aqui existentes para que todas as nações possam contribuir a esta plataforma dinâmica. A saída pelas guerras ou pela barbárie, sempre presentes e vivas, deve ser combatida e abolida pela construção de uma cultura da paz e um desenvolvimento sustentável.
A iniciativa conta com o apoio da OIT – Organização Internacional do Trabalho. Fundada em 1919, é entidade entre as nações mais antiga, em que o Brasil se integrou há 70 anos. Em junho último, a OIT formatou a Coalizão Global pela Justiça Social em torno da promoção do trabalho decente, proteção social, economia de plataformas e combate ao trabalho escravo e infantil.
A CNTU – Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários –, que reúne desde 2006 entidades sindicais e federações da engenharia, saúde e economia, apoia esta iniciativa inspiradora lançada pelos presidentes do Brasil e dos EUA. Quer incorporar a ela elementos fundamentais formulados pelos trabalhadores do conhecimento e saber de ambos os países e do mundo. No momento em que a engenharia, ciência, tecnologia e inovação ganham o centro do poder na geopolítica, os profissionais de nível universitário sofrem precarização, informalidade, desemprego, defasagem na educação permanente e na atualização tecnológica.
Os 800 milhões de profissionais de nível universitários do planeta e 18 milhões no Brasil têm um papel decisivo nas três grandes batalhas contra a desigualdade: a luta contra a fome, a criação de oportunidades de trabalho e emprego e a inclusão educacional, digital e cultural. O desenvolvimento sustentável une a todos e é o verdadeiro outro lado da paz.
Veja em: https://outraspalavras.net/trabalhoeprecariado/trabalho-as-promessas-da-iniciativa-brasil-eua/
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