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Garimpo e malária ainda assolam yanomamis

Um ano após crise humanitária declarada, indígenas criticaram a falta de cooperação do governo para controle da doença e retirada de invasores do território.

“Forças Armadas de braços cruzados”

Embora a situação tenha melhorado nos últimos 12 meses em relação aos anos do governo de Jair Bolsonaro , o estado de emergência causa revolta. “As crianças continuam morrendo de desnutrição. O Estado ainda não se fez presente de forma efetiva no território yanomami”, critica Ivo Macuxi, assessor jurídico do Conselho Indígena de Roraima (CIR).

Para Ivo, faltou coordenação nas operações por parte do governo federal. Num documento enviado ao Executivo em outubro, o CIR sugeriu que a Marinha instalasse um ponto de fiscalização fixo no rio Uraricoera para barrar a entrada de garimpeiros, o que não foi atendido.

“Esperávamos um pouco mais. Sabemos que os militares muitas vezes não garantem apoio logístico, que os agentes do Ibama muitas vezes ficam sozinhos. Isso fragiliza as operações”, comenta Ivo.

A crítica às Forças Armadas é recorrente. Diversas fontes ouvidas pela DW reclamam da postura do Exército, que tem um pelotão de fronteira na região. “É difícil o Exército dar a mão para nós”, afirma Junior Yanomami.

Questionado, o Ministério da Defesa respondeu à DW por e-mail citando apenas números: em 2023 cerca de 1.400 militares transportados transportaram 766 toneladas de alimentos e materiais, e prendido 165 suspeitos transportados a órgãos de segurança pública.

Para Ivo Macuxi, os números não dizem nada. “Os militares têm essa doutrina da soberania nacional. Mas eles não conseguem interpretar que o aumento de garimpo na TI é uma ameaça à soberania. Eles ficaram de braços cruzados vendo os yanomami morrerem. Ficam de braços cruzados vendo os garimpeiros invadiram as terras.”

Retirada dos garimpeiros: momento delicado

Em meio à paralisação de servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis ​​(Ibama), a retirada permanente dos invasores tornou-se mais complexa.

“O momento é delicado. A operação que já estava em andamento segue nos Yanomami. Lá a situação é diferente pela gravidade, a nossa presença foi permanente no ano passado”, afirma à DW Jair Schmitt, chefe de fiscalização do Ibama.

Dados divulgados pelo instituto apontam em 2023 uma redução de 85% do desmatamento causado por novas áreas de mineração, em comparação com o mesmo período do ano anterior.

A estratégia para expulsar os garimpeiros então até, diz Schmitt, era focada no corte das linhas de abastecimento que chegavam aos acampamentos e na destruição de equipamentos. “A logística para trabalhar é complexa. A fase agora é de ações planejadas em conjunto com outros órgãos no terreno, e avançar nas investigações de investigação das cabeças envolvidas no garimpo.”

Segundo a contagem de lideranças indígenas, atualmente há cerca de 8 mil invasores no território. Antes do início das operações, em 2023, eles estimavam a presença de 25 mil.

“Queremos participar”

Um ano após ter declarado uma situação de emergência na TI Yanomami e de ter recebido críticas pela continuidade do grave cenário, Lula anunciou a criação de Casa de Governo Permanente em Boa Vista. Com a previsão de investir R$ 1,2 bilhão ao longo de 2024, o órgão especial terá a meta de implementar medidas de proteção aos indígenas.

“A gente quer acompanhar, apontar, sugerir, recomendar. Durante este ano, o governo trabalhou sozinho e não acertou, e agora queremos trabalhar em conjunto. Para acertar”, diz Junior.

 

Veja em: https://www.dw.com/pt-br/garimpo-e-mal%C3%A1ria-ainda-assolam-yanomamis/a-68039097

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