O presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu, nesta segunda-feira (9/9) a deputada estadual Macaé Evaristo, do PT de Minas Gerais, para assumir o Ministério dos Direitos Humanos no lugar de Silvio Almeida, demitido após sofrer acusações de assédio sexual, inclusive por parte da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.
“Hoje convidei a deputada estadual Macaé Evaristo para assumir o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania. Ela aceitou. Assinarei em breve sua nomeação. Seja bem-vinda e um ótimo trabalho”, anunciou Lula no Instagram.
Macaé Evaristo é uma mulher negra, de 59 anos, que tem como trajetória política a promoção dos direitos das mulheres, o combate à discriminação racial e o fortalecimento da educação pública.
Sua biografia divulgada no portal da Assembleia Legislativa de Minas Gerais diz que “[Macaé] tem orgulho de sua ancestralidade e pretende seguir lutando contra o racismo estrutural e a favor de políticas públicas voltadas à diversidade e à inclusão das mulheres e das minorias”.
Nascida em 1965, ela se tornou professora em 1984, com 19 anos. Graduou-se em Serviço Social e fez mestrado e doutorado em Educação.
Ocupou cargos de destaque na administração pública a partir de 2005, quando se tornou secretária municipal de Educação de Belo Horizonte, função que desempenhou até 2012, nas gestões de Fernando Pimentel (PT) e Marcio Lacerda (PSB).
Depois, integrou o governo de Dilma Rousseff, entre 2013 e 2014, quando foi titular da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação (MEC).
Lá, coordenou ações como a implantação de Escolas Indígenas e as cotas para ingresso de estudantes de escolas públicas, negros e indígenas no ensino superior.
Na sequência, assumiu a Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais (2015 a 2018), também na gestão de Fernando Pimentel. Antes de ser eleita para seu primeiro mandato como deputada estadual em 2022, foi vereadora em Belo Horizonte por dois anos.
Com a escolha, Lula atendeu a demanda do PT mineiro por espaço na Esplanada dos Ministérios.
“Com Macaé Evaristo, do PT de Minas, no Ministério dos Direitos Humanos, o presidente Lula nomeia uma mulher negra, combativa, com história de lutas e realizações na defesa da educação e dos direitos humanos, das crianças e adolescentes. Sucesso, companheira Macaé!”, postou em suas redes sociais a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
A nova ministra é prima da escritora Conceição Evaristo, que em março se tornou a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na Academia Mineira de Letras.
“A nova ocupante da cadeira 40 da Academia Mineira de Letras é maior escritora viva do nosso país. A família Evaristo está em festa!”, celebrou a nova integrante do governo Lula, na ocasião.
Em nota oficial, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a demissão de Almeida na noite de sexta-feira (6/9), reconhecendo que as denúncias são “graves” e que sua manutenção no cargo era “insustentável”.
Almeida negou as acusações em um vídeo divulgado na quinta-feira (5/9) e se disse perseguido por um grupo, sem especificar quem.
O impacto negativo para a gestão Lula foi reforçado pelas suspeitas de que as denúncias de assédio teriam circulado em seu alto escalão ainda em 2023.
O episódio gerou reação da senadora Damares Alves (Republicanos), ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos no governo Bolsonaro.
“Se algum outro ministro sabia e não denunciou, também é conivente com assédio sexual. Inadmissível esse homem se manter na pasta”, criticou, em vídeo divulgado na quinta-feira (5/9), quando o caso veio à tona.
As acusações foram confirmadas naquele dia pela organização Me Too Brasil, após serem reveladas pelo portal Metrópoles.
Na tarde da sexta-feira (6/9), a professora Isabel Rodrigues utilizou sua rede social para publicar um vídeo em que narra ter sido vítima de Almeida, em 2019.
De acordo com ela, Almeida, que na época ainda não era ministro, teria colocado as mãos em suas partes íntimas durante um almoço com outras pessoas.
Foi a primeira denúncia pública feita por alguém que mostrou nome e rosto contra o ministro.
“Eu acredito que foram muitas”, disse Isabel sobre outras possíveis vítimas.
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