A crise generalizada que a pandemia tem provocado em todos os cantos do planeta é bastante grave.
Por Paulo Kliass
A crise generalizada que a pandemia tem provocado em todos os cantos do planeta é bastante grave. Além da trágica dimensão humana e sanitária, o fenômeno apresenta também efeitos severos sobre a dinâmica da economia. Os diferentes ritmos de superação dos impactos recessivos têm sido determinados pela capacidade de os países terem obtido maior ou menor grau de sucesso nas respectivas estratégias de combate ao covid 19.
A julgarmos pela leitura das manchetes e matérias dos meios de comunicação durante o primeiro bimestre do ano, estaríamos diante de uma epidemia de natureza e localização eminentemente “chinesas”, com poucas possibilidades de avançar em direção ao chamado mundo ocidental – desenvolvido ou não. No entanto, em razão da subestimação apresentada por líderes políticos, como Trump e Bolsonaro, e da timidez na adoção das medidas duras necessárias por parte de outros tantos, o fato é que o crescimento da contaminação deu-se em nível exponencial e explosivo por todos os cantos do planeta.
A China manteve uma postura bastante rígida visando a contenção dos focos iniciais da doença em seu território e obteve, assim, resultados bastante satisfatórios em termos de evitar perdas humanas e de conseguir retomar a atividade econômica logo na sequência. Essa é uma das razões para as estimativas de que o país asiático, muito provavelmente, chegará ao final da pandemia muito mais próximo da capacidade da economia norte-americana. A distância entre ambos fica cada dia menor.
Recessão global e saídas nacionais.
A profundidade da crise nos Estados Unidos deverá provocar efeitos recessivos sobre a sua economia, para além dos números brutais de mortes em sua população. A economia europeia também deverá apresentar um resultado negativo em seu desempenho. Assim, o próprio Fundo Monetário Internacional (FMI) publicou em abril suas análises, reportando uma estimativa de queda no PIB global da ordem de 3% para o ano de 2020.
Frente a tal quadro de redução generalizada do ritmo de atividade, cabe aos dirigentes dos países estabelecerem suas estratégias para enfrentamento da crise, bem como definirem as alternativas para o período pós pandemia. Em geral, esse tipo de conjuntura leva a uma redução do grau de abertura das economias nacionais, com a adoção de algum tipo de protecionismo. Afinal, trata-se de proteger os empregos em suas respectivas sociedades e de fortalecer as próprias empresas nacionais para enfrentarem com maior capacidade o período que virá na sequência. Todo mundo quer exportar e adotam-se medidas de restrição às importações.
Pois aqui em nossas terras, corremos o risco de perdermos ainda mais tempo nessa corrida pelo restabelecimento de condições mínimas de sobrevivência – a Nação, seus cidadãos e nossas empresas. Não bastasse o completo despreparo de Bolsonaro & Guedes para oferecer ao país um plano de enfrentamento da crise, começam a pipocar aqui e acolá algumas sugestões e palpites que só contribuirão para agravar os efeitos arrasadores da crise – aqueles que já estão presentes e os que estão a caminho.
As conhecidas carpideiras do pós neoliberalismo tupiniquim começam a lamentar o surgimento de propostas necessárias para o momento atual e para a definição da estratégia do período posterior à pandemia. Assim, elas voltam suas baterias contra as medidas de flexibilização necessária da austeridade fiscal burra e cega, tão levada a sério por aqui ao longo dos últimos governos.
Saiba mais em: https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia-Politica/Pos-pandemia-cenarios-e-tarefas/7/47724
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