Um novo acordo ecológico eficaz tem que ser global. Veja um exemplo
Por CJ Polychroniou
A posição das Academias de Ciências de mais de 80 países e dezenas de organizações científicas é que o aquecimento global é causado pelo homem. através da liberação de dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa na atmosfera, a partir da queima de combustíveis fósseis (carvão, gás natural, óleo) para gerar energia. Na verdade, os cientistas sabem há décadas como o dióxido de carbono retém o calor na atmosfera e contribui para o aquecimento global, como o físico de armas nucleares Edward Teller alertou a indústria de petróleo, no longínquo ano de 1959, de como suas próprias atividades acabariam tendo um impacto catastrófico na civilização humana.
Naturalmente, a indústria de petróleo enterrou sob o tapete a explicação científica de Teller sobre o impacto do dióxido de carbono na mudança climática, junto com muitos outros relatórios científicos sobre o mesmo tópico que chamaram sua atenção nos anos seguintes. É claro que, ao longo dos anos, houve uma explosão de estudos científicos sobre os impactos das mudanças climáticas em todos os aspectos da vida civilizada. A maioria deles é produzida por importantes universidades e centros de pesquisa em todo o mundo, mas também pela NASA, pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos, Federal Reserve e Banco da Inglaterra. As evidências do aquecimento global são realmente convincentes.
No entanto, vivemos em uma época em que a descoberta da verdade por meio da razão e da ciência está sob o ataque de muitas pessoas no mundo atual, incluindo autoridades eleitas, especialmente em um país como os Estados Unidos, onde a religiosidade é predominante e apenas 40 % dos seus cidadãos depositam muita confiança na comunidade científica.
Não é de surpreender, portanto, que a negação da mudança climática ainda prevaleça em algumas partes do mundo, especialmente nos Estados Unidos entre os conservadores, o que sem dúvida explica por que na Convenção Nacional Republicana (24-27 de agosto de 2020) a ameaça da mudança climática nem foi mencionada. Para Donald Trump (e muitos de seus seguidores), a mudança climática é uma “farsa” e, como disse o presidente durante sua visita à Califórnia em meados de setembro, “a ciência não sabe” o que está causando os incêndios florestais. Mas ele sabe: são causados pela “explosão de árvores” e pelo manejo florestal deficiente.
A crise climática é real, e a única questão é como lidar com essa ameaça verdadeiramente existencial. Parar as emissões de combustíveis fósseis e mudar para fontes de energia limpas e renováveis é a solução óbvia e mais amplamente aceita, e o divisor de águas é a ideia de um Acordo Verde. “Alguma forma de um Acordo Verde é essencial para ‘salvar o planeta’”, diz Noam Chomsky no livro recém-publicado Climate Crisis and the Global Green New Deal: The Political Economy of Saving the Planet [Crise Climática e Acordo Verde Global: A Economia Política do Salvamento do Planeta] (Verso, 2020). Mas qual forma de acordo, visto que existem vários esquemas diferentes para um Acordo Verde?
Robert Pollin, co-autor do livro acima mencionado, descreve um projeto detalhado de um Acordo Verde Global que o intelectual público mais reverenciado do mundo, Noam Chomsky, endossa entusiasticamente. O projeto Acordo Verde Global de Pollin é abrangente para enfrentar a ameaça existencial da crise climática, pois trata de praticamente todas as questões associadas à transição para uma “economia verde”.
Ao contrário de outras propostas de Acordo Verde, ele é curto em generalizações e extenso em detalhes, apoiado por uma ampla gama de dados econômicos e avaliações de contabilidade de custos. Na verdade, Pollin elaborou várias propostas para Acordo Verde em nível estadual, inclusive para Porto Rico. E sua visão sobre a transição para uma “economia verde” é bem diferente de alguns dos outros projetos que foram propostos por vários outros progressistas, incluindo Alexandria Ocasio-Cortez, Bernie Sanders e Naomi Klein.
Saiba mais em: https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Mae-Terra/O-detalhamento-de-um-Acordo-Verde-Global/3/49125
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