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Organizações sociais denunciam ”Noite de Terror” impulsada por Duque na Colômbia

As brutais estatísticas referentes aos abusos cometidos pelas forças de segurança durante a revolta social colombiana foram respondidas pelo governo de direita com uma questionável denúncia de ”violações aos direitos humanos dos policiais”, discurso que foi fortemente repudiado

Por Victor Farinelli | Créditos da foto: (Reprodução/PaketanInternet/bit.ly/34zLhUk)

A noite de sexta-feira (28/05) foi marcada por protestos sociais na Colômbia, para comemorar um mês do início da revolta social no país, contra o governo de Iván Duque. Porém, outro elemento que marcou a jornada foi a forte repressão policial contra os manifestantes que rejeitam as políticas neoliberais do partido governante colombiano, especialmente na cidade de Cali, onde os ataques da ESMAD (sigla em espanhol de Esquadrão Móvel Anti Distúrbios) foram novamente brutais.

Devido a mais uma demonstração de violência das forças de segurança do governo de extrema direita de Duque, dezenas de organizações sociais do país sul-americano publicaram um comunicado público denunciando os acontecimentos deste dia 28 de maio, que descreveram como “um uma nova cena de terror orquestrada pelas forças repressivas do Estado colombiano e cidadãos armados que atiraram indiscriminadamente contra os manifestantes, que compareceram de forma massiva e pacífica”.

Por sua vez, o governo colombiano reagiu à pressão nacional e internacional por suas políticas repressivas com uma questionável denúncia de “violações dos direitos humanos dos policiais”, alegando que os membros da ESMAD “têm seus direitos violados, em uma situação em que cumprem seu mandato constitucional de preservar a ordem pública e dar garantias do exercício de direitos e liberdades a todos os cidadãos”, disse o ministro da Defesa colombiano, Diego Molano.

O ministro Molano também é autor de uma carta sobre o assunto, que os meios de comunicação colombianos, como a revista Semana, asseguram que foi enviada a organismos internacionais como o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, a Missão de Verificação das Nações Unidas na Colômbia, a Missão de Apoio ao Processo de Paz da OEA (Organização dos Estados Americanos), a CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos), a delegação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha presente na Colômbia, a Human Rights Watch, a Anistia Internacional e o WOLA (sigla em inglês do Escritório em Washington para Assuntos Latino-Americanos).

A denúncia do partido governista colombiano gerou fortes reações de repúdio nas redes sociais e entre as organizações de direitos humanos, entre outros motivos, porque carece de números que sustentem esse discurso, além do fato de que contrasta com um grande número de casos que comprovam que, durante o primeiro mês da revolta social colombiana, as maiores violações aos direitos humanos no país são cometidas pelas forças de segurança colombianas contra os manifestantes, e não o contrário.

Segundo a ONG Temblores, o Ministério Público colombiano recebeu, entre 28 de abril e 27 de maio, o primeiro mês da revolta, um total de 3405 casos de violência policial, incluindo 1133 casos de violência física, 47 vítimas de traumas oculares gerados por balas disparadas pelas forças de segurança, além de 22 casos de violência sexual cometidas por policiais e 1445 casos de prisões arbitrárias, entre outros abusos.

Além disso, algumas organizações também denunciam que a rede social Facebook censurou páginas de organizações que tentam revelar os abusos cometidos pelo Estado colombiano na repressão aos protestos, e afirmam suspeitar que tal medida teria sido produto de pressão do governo de Duque.

A revolta social na Colômbia, iniciada no final de abril, é um vigoroso exemplo do repúdio da população colombiana às políticas neoliberais do governo Iván Duque, embora a centelha que desencadeou os protesto tenha sido gerada pelo próprio Executivo colombiano, através do projeto de reforma tributária apresentado em meados de abril, que propôs o aumento do IVA (imposto sobre valor agregado, similar ao ICMS no Brasil) e uma alteração na base de cálculo do imposto de renda que beneficiaria as classes altas – as manifestações levaram o governo a retirar a proposta do Congresso, na primeira semana de maio, devido à rejeição da cidadania e supondo que essa medida levaria ao fim das mobilizações, o que não aconteceu.

Veja em: https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Pelo-Mundo/Organizacoes-sociais-denunciam-Noite-de-Terror-impulsada-por-Duque-na-Colombia/6/50705

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