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A acusação da OEA de que houve fraude eleitoral foi uma farsa – e agora temos as provas

Após a eleição boliviana, a OEA alegou que o resultado era fraudulento – demorando meses para fornecer qualquer prova. Mês passado, finalmente divulgou os dados e pesquisadores do Center for Economic and Policy Research encontraram um erro básico de codificação que destrói o caso da OEA contra Evo Morales.

Por David Rosnick / Tradução Marianna Braghini

O dia 20 de agosto agitou um pequeno grupo de cientistas que não tinham desistido – apesar das ameaças legais – de analisar os dados e métodos por trás da análise que derrubou o governo boliviano. Apesar de dificuldades como obstruções e desvios de foco, pesquisadores conseguiram recriar alguns resultados – mas não todos – apresentados pela Organização dos Estados Americanos (OEA) contra a legitimidade da reeleição de Evo Morales, em 20 de outubro de 2019.

A OEA alegou, no dia após a votação, que a contagem preliminar continha uma “mudança inexplicável de tendência” nos resultados preliminares – por conta de uma inclinação drástica a favor de Morales. Mas sua alegação era duvidosa desde o princípio. Tão cedo quanto dia 22 de outubro, começamos a levantar sérias questões sugerindo que a “alteração inexplicável” era bem previsível.

A OEA iria, posteriormente apoiar sua alegação afirmando que a contagem oficial também continha um rompimento tardio em favor de Morales que “não pode ser facilmente explicado” pelo apoio geralmente recebido de áreas rurais, especificamente por conta da contagem oficial cujos “dados não refletem o momento em que o resultado foi reportado ao TSE [Tribunal Supremo Eleitoral]”. Esta premissa está totalmente errada; votos das principais cidades tendem a ser contados muito mais cedo, pois, a contagem oficial requer a entrega em mãos (em vez de transmissão eletrônica) dos materiais eleitorais aos escritórios do TSE.

Raciocínios falhos à parte, os resultados da OEA são irreproduzíveis.

Dez meses depois chegou a revelação de que algumas das desconcertantes conclusões previstas pela OEA são explicadas por um erro de codificação. Ela ordenou os carimbos de horário nas fichas de registro [N.T. Fichas de votação manual] alfabeticamente em vez de cronologicamente – e, portanto, destruindo sua narrativa de uma mudança repentina na contagem oficial.

Afastado injustamente

Oestrago, obviamente, já estava feito. Em 11 de novembro de 2019, o presidente da Bolívia, Evo Morales – com seu mandato incompleto – se afastou da presidência em meio às alegações de fraudes. O relatório da OEA foi decisivo para o afastamento ao apresentar seus resultados preliminares em uma auditoria da eleição de 20 de outubro. Estas “descobertas” não eram favoráveis à Morales, questionando sua vitória oficial em primeiro turno.

Membros da oposição, que já vinham falando que Morales e seu partido Movimento ao Socialismo (MAS) tentariam fraudar a eleição para seguir no poder, foram às ruas para organizar violentos protestos. Apesar de Morales ter concordado em refazer a eleição, o líder dos militares disse que ele deveria se afastar do cargo. Ele renunciou e embarcou em um dramático vôo da Bolívia para o México – quase não escapando vivo, de acordo com o ministro mexicano de relações exteriores.

Esta não é a primeira vez que a OEA utilizou estatísticas falsas para invalidar resultados eleitorais. Em 2010, a OEA interviu no Haiti, demandando que o candidato posicionado no terceiro lugar participasse do segundo turno da eleição, junto ao candidato que ficou em primeiro lugar – deixando o segundo classificado, por acaso o único candidato que não era de direita, de fora.

Para ter certeza, a segurança na eleição na Bolívia era insuficiente. Sob o risco de ficar no “e o outro?”, o mesmo poderia ser dito de qualquer eleição nos EUA. Entretanto, as descobertas da OEA apresentadas em novembro eram, na realidade, cheias de insinuações e pouco detalhadas. A OEA não apresentou evidências reais de que mesmo um único voto tenha sido alterado. Em vez disso, oferecia uma análise que o estatístico Andrew Gelman, caracteriza como “uma piada”.

Saiba mais em: https://jacobin.com.br/2020/09/a-acusacao-da-oea-de-que-houve-fraude-eleitoral-foi-uma-farsa-e-agora-temos-as-provas/

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