A paisagem poderia ser a de um cartão postal do deserto mexicano. Com o sol a pino, um campo verde de cactos cobre os arredores empoeirados de Camémbaro, comunidade agrícola no Estado de Michoacan.
Miguel Trancozo Trevino
O nopal, como esse tipo de cacto com folhas ovais é conhecido em todo o país, não cresce apenas nessas terras. Ele pode ser encontrado em toda a região mesoamericana e é tão emblemático que está estampado na bandeira nacional do México.
É utilizado tradicionalmente na culinária local, sendo consumido como um alimento saudável, em saladas e shakes, e na composição de tortilhas e nachos.
Os resíduos não comestíveis desse cacto são normalmente descartados, mas, nesta cidade, os moradores viram o potencial de transformá-los em uma nova fonte de combustível.
Em 2009, o empresário local Rogelio Sosa Lopez, já bem-sucedido no ramo de fabricação de tortilhas a partir de farinha de milho, fez uma parceria com Miguel Angel Ake para fundar a Nopalimex, empresa que cultiva cactos como uma alternativa mais barata ao milho.
Eles descobriram que as plantações de nopal produzem entre 300 e 400 toneladas de biomassa por hectare em terras menos férteis e até 800 a 1.000 toneladas em solos mais ricos em nutrientes. O nopal também requer uma quantidade mínima de água, e seus resíduos, se processados adequadamente, podem ser transformados em biocombustível.
“Estamos semeando nopal por três razões. A primeira é social: ele gera empregos e evita a emigração. Em segundo lugar, do ponto de vista econômico, reduz o custo do processamento industrial de produtos à base de nopal. Por último e mais importante, há a razão ambiental”, explica Ake.
A expectativa é que o biocombustível de nopal possa ser uma alternativa viável aos combustíveis fósseis na região.
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