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Deb Haaland, uma voz indígena e verde no Governo dos Estados Unidos

Biden cumpre a promessa de formar um Gabinete diverso e plural ao escolher uma representante dos povos originários como secretária do Interior

María Antonia Sánchez-Vallejo

presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, havia prometido um Gabinete que refletisse a diversidade do país. Agora, com a nomeação de Deb Haaland como secretária do Interior, ele dá a última pincelada no retrato multicolorido de uma Administração em que haverá mais mulheres, latinos e membros da comunidade LGBTIA+ (como Pete Buttigieg, secretário de Transportes). Haaland será a primeira secretária pertencente a um dos 574 povos originários, formados por 1,9 milhão de pessoas.

Se o Senado confirmar esses nomes nos cargos, o Executivo de Biden será o mais plural da história dos EUA. Mas a eleição da deputada do Novo México representa outro feito: é um claro aceno para o setor mais progressista dos democratas, que até agora não haviam realizado suas aspirações de colocar peças-chave na futura Administração, a fim de influenciar suas políticas e aliviar o que muitos deles criticam como establishment democrata, o núcleo duro, conservador e inalterável do partido.

A até agora vice-presidenta da Comissão de Recursos Naturais da Câmara de Representantes (deputados) foi escolhida para uma das maiores agências da Administração federal, com 70.000 funcionários e supervisão direta sobre 20% do território do país e será a máxima responsável pela gestão dos recursos naturais, incluindo os parques nacionais e os campos de petróleo e gás, assim como o patrimônio cultural do país. Também se encarregará de endireitar as turbulentas relações do Departamento com os 574 povos reconhecidos, que no período de Donald Trump chegaram ao clímax de desencontros.

Haaland, de 60 anos, mãe solteira e sem endereço fixo há 15 anos, como ela reconhece em seu site, foi em 2018 uma das duas primeiras nativas a integrar o Congresso, onde tentou melhorar as condições de vida das comunidades originárias, incluindo a assistência durante a pandemia —os indígenas sofreram um impacto desproporcional, e uma das tribos mais importantes, a Nação Navajo, apresenta a maior taxa de contágios per capita do país—, assim como promover políticas ambientais e contra a mudança climática. Isso a transforma numa peça decisiva do grande programa verde de Biden, o Green New Deal, eixo também da reconstrução econômica após o coronavírus.

A nação à qual Haaland pertence é a Laguna Pueblo, situada no Novo México, perto da cidade de Albuquerque. “Uma voz como a minha nunca foi secretária de Gabinete nem esteve à frente da Secretaria do Interior”, escreveu ela no Twitter após a nomeação. “Crescer na casa da minha mãe Pueblo fez de mim muito forte. Serei forte por todos nós e pelo nosso planeta, e toda a nossa terra será protegida. Me sinto honrada e pronta para servir.” A nova secretária planeja aumentar a produção de energias renováveis nos territórios indígenas para combater a mudança climática, além de congelar a concessão de autorizações para prospecção de hidrocarbonetos e grandes projetos hidrelétricos.

Sua nomeação contribuirá para reverter os maus-tratos sofridos pelos territórios indígenas durante a Administração de Trump, que ordenou a maior redução de reservas naturais na história do país para permitir a extração de gás e petróleo, a mineração e o desmatamento, com projetos como o polêmico oleoduto Dakota Access, rechaçado veementemente pelos nativos e ecologistas. O último exemplo é o de Oak Flat, uma área indígena do Arizona para onde há um projeto de uma mina de cobre que a Casa Branca teria tentado agilizar nos últimos dias de mandato do republicano.

Saiba mais em: https://brasil.elpais.com/internacional/2020-12-19/deb-haaland-uma-voz-indigena-e-verde-no-governo-dos-eua.html

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