Mortos no Brasil são 300 vezes superiores aos da China e 9 vezes aos da Índia, por 100 mil habitantes
Por César Locatelli
Notícia do Times of India traz, em sua manchete, que a Índia se tornará a 5ª maior economia em 2025 e a 3ª em 2030. The Straits Times, jornal de Cingapura, chama a atenção que a China se tornará a economia número 1 do mundo em 2028 devido à Covid-19, 5 anos antes do estimado. E o Brasil? Bem o Brasil caminha no sentido inverso: caiu da 9a para a 12a posição em 2020, deverá cair para 13a em 2021, para voltar à 9a posição em 2035.
As previsões publicadas por ambos jornais foram baseadas no estudo “World Economic League Table 2021”, com previsões para 193 países até 2035. Esse relatório é elaborado, desde 2009, pelo Centre for Economics and Business Research (CEBR), do Reino Unido.
A produção mundial perdeu 6 trilhões de dólares pela pandemia quando a comparamos com 2019, é o que estima o estudo. O impacto de médio prazo da pandemia deve se reduzir para algo em torno de 1 trilhão em 2034.
A pandemia ceifou, até agora, 1,7 milhão de vidas. A gripe asiática em 1957, em comparação, matou 1,1 milhão de pessoas. A gripe espanhola foi um evento de outra escala em 1918: 50 milhões de mortes. “Muitas das mortes por debilidade física provocada pela primeira Guerra Mundial”, afirma o relatório.
Índia
A pandemia tem tido graves consequências humanas e econômicas para a Índia: 140.000 mortos (número mais atualizado pelo New York Times, 26/12, indica pouco mais de 147 mil mortes). O país só teve menos mortes, em termos absolutos que EUA e Brasil, Entretanto, em termos relativos, posiciona-se bem abaixo de vários países da Europa e das Américas, com 10 mortes por 100 mil habitantes.
“A Índia, que parece ter sido empurrada de volta para ser a sexta posição entre as maiores economias do mundo em 2020, ultrapassará novamente o Reino Unido para se tornar a quinta maior em 2025 e correr para o terceiro lugar em 2030”, disse um think tank no sábado. “A Índia ultrapassou o Reino Unido em 2019 e se tornou a quinta maior economia do mundo, mas foi relegada para o sexto lugar em 2020”, diz o Times of India.
A Índia, maior produtora mundial de vacinas está melhor posicionada do que muitos países em desenvolvimento para organizar seus programas de vacinação, que deverão ter papel decisivo na recuperação do crescimento econômico.
O CEBR prevê crescimento de 9% para o país, em 2021, e 7% em 2022. Conforme o país for avançando o ritmo de crescimento deverá ceder para 5,8% em 2035. “Esta trajetória de crescimento fará com que a Índia se torne a terceira maior economia mundial por volta de 2030, ultrapassando o Reino Unido em 2025, a Alemanha em 2027 e o Japão em 2030
China
Entre as maiores economias, o estudo do CEBR projeta que o crescimento econômico chinês será de 2% em 2020 e de 5% já em 2021. O país mais populoso do mundo, 1,4 bilhão de pessoas, e a segunda maior economia, representava 3,6% da economia mundial em 2000 e alcançou 17,8% em 2020. Neste intervalo, deixou de ser um país pobre para tornar-se um país de renda média alta, com renda per capita de US$ 10.839, em 2019, segundo cálculo do FMI em Paridade do Poder de Compra (PPP).
A China está entrando em seu 14o plano quinquenal (2021 – 2025) com uma estratégia dupla, como afirma o presidente XI: “buscar usar totalmente a vantagem de sua escala enorme de mercado e o potencial da demanda doméstica para estabelecer um novo padrão de desenvolvimento com características domésticas e circulações internacionais que se complementem.”
Em relação aos outros países, a China se saiu melhor por sua “gestão hábil da pandemia e pelos impactos no crescimento de longo prazo no Ocidente”, diz o estudo. “Agora achamos que a economia chinesa, em dólares, ultrapassará a economia dos EUA em 2028, 5 anos antes do que pensávamos no ano passado. Esperamos que a tendência da taxa de crescimento da China seja de 5,7% ao ano entre 2021 e 2025 e 4,5% ao ano de 2026-30 e 3,9% ao ano de 2031-35.
Brasil
Prevê-se que as maiores quedas no PIB, neste ano de 2020, ocorram na Itália (11%), no Brasil (8%), na Alemanha (8%) e na Espanha (8%), afirma o CEBR, que, entretanto, estima uma queda menor (5%) para a economia do país em 2020. O Brasil, que foi a sétima maior economia em 2010, terminará 2020 em 12a posição, ultrapassado nesse período de 10 anos por Índia, Itália, Canadá, Coreia do Sul e Rússia.
O mercado de trabalho brasileiro não logrou recuperar-se da recessão de 2015/2016. O país, que registrou 6,8% de desemprego em 2014, atingiu 11,9% em 2019 e deve ter um desemprego na faixa de 13,4% em 2020.
“A recuperação da recessão de 2015/16 foi bastante problemática, e a pandemia do coronavírus em 2020 expôs o Brasil a um desafio econômico sem precedentes. Para proteger os meios de subsistência em meio à pandemia e aos requisitos de distanciamento social associados, o governo introduziu um grande pacote fiscal, no valor de cerca de 10% do PIB”, afirma o relatório.
Já ocorreram pelo menos 7.448.500 casos de Covid-19 no Brasil, segundo dados dos governos estaduais. Até a tarde de sábado (26/12), 190.488 pessoas morreram, segundo informa o New York Times. O que configura cerca de 90 mortes por 100.000 habitantes, contra 10 na Índia e 0,3 na China.
O CEBR avalia que a economia brasileira contrairá 5% em 2020, antes de recuperar-se em 3,3% em 2021. “O Brasil deverá subir da 12ª posição para a 9ª posição na Tabela da Liga Econômica Mundial até 2035.”
O futuro
Olhando à frente, afirma o estudo, o produto global será afetado de quatro maneiras:
1. Primeiro, as dívidas dos países cresceram;
2. Segundo, a demanda foi afetada embora tenda a se recuperar com o tempo;
3. Terceiro, a oferta foi afetada pela redução nos investimentos e na produtividade, como resultado de medidas de prevenção à doença;
4. E por fim, impulsionou um grande número de tendências, que foram aceleradas, notoriamente em áreas de digitalização e trabalho remoto.
“A ampla e crescente disponibilidade de várias vacinas significa que as economias podem seguir adiante e abandonar as restrições econômicas adotadas para limitar o avanço da doença. Nossa previsão é que no final de 2021, poucas restrições oficiais ainda persistam, embora a ressaca econômica ainda vá durar por mais tempo em vários países”, conclui o estudo.
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