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Entregadores de aplicativos fazem primeira grande paralisação da categoria no Brasil

Trabalhadores pedem melhores condições de trabalho para gigantes tecnológicas, como aumento do valor das entregas, vale-refeição, seguro e equipamentos de proteção contra a covid-19

Joana Oliveira

Durante sete horas, entregadores de aplicativos lotaram as principais avenidas de São Paulo nesta quarta-feira, montados em motos ou bicicletas, para reivindicar melhores condições de trabalho a gigantes tecnológicas como Rappi, Uber ou iFood, as três plataformas de entrega mais usadas no Brasil. O movimento, que também foi visto em outras cidades, contou com o apoio do movimento sindical, e pedia um aumento do valor mínimo por entrega —que, segundo as plataformas é de, em média, cinco reais—, vale-refeição, seguro de vida, acidente e roubo, fim dos bloqueios por parte dos aplicativos e equipamentos de proteção, como máscaras e álcool em gel, essenciais durante a pandemia do novo coronavírus.

“Este foi o primeiro de uma sequência de dias históricos. Vamos fazer outras [paralisações] dessa. Hoje deu para perceber que todos os entregadores estamos em comum acordo: os aplicativos precisam mudar a forma como nos tratam”, comentou Paulo Lima, o Galo, como é conhecido, criador do Movimento dos Entregadores Antifascistas, ao final do ato. Os entregadores avisaram que, caso as plataformas não atendam a suas reivindicações, farão outra paralisação em 11 de julho.

“Dia 11 de novo, todo mundo encostado”, faz coro o motoboy Erick Guimarães, de 25 anos, pai de uma menina de três. “Estou aqui por ela, por ela que eu trabalho e por ela que reivindico essas coisas”, diz ele, que reclama que os aplicativos abaixaram o valor das taxas de entrega. “Não estão nos pagando o justo. Como aumentaram as entregas durante a quarentena, deveríamos ganhar um pouco mais, mas não, tem taxas menores que antes”, reclama Erick, que trabalha há dois anos como entregador, período durante o qual já teve a moto roubada e ficou “no prejuízo”, sem suporte das empresas de aplicativos.

De acordo com o Movimento dos Entregadores Antifascistas, atos também ocorreram em Brasília, Aracaju (SE), Belo Horizonte (MG), Campinas (SP), Piracicaba (SP), Fortaleza (CE), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Teresina (PI), Maceió (AL), Goiânia (GO), Rio Branco (AC) e Belém (PA).

Em nota, o iFood afirma que o valor médio pago por rota é de R$ 8,46 e que há um um valor mínimo de R$ 5 por pedido, “mesmo que seja para curta distância”. Já a Rappi diz que cerca de 75% dos entregadores “ganha mais de R$ 18 por hora, quando ativos em entregas” e que quase metade dos “entregadores parceiros” passam menos de uma hora por dia conectados no aplicativo. Ambas plataformas salientaram que reconhecem “o direito à livre manifestação pacífica” e ao direito de expressão. “Em nenhuma hipótese entregadores são desativados por participar de movimentos”, acrescenta o iFood. “Eles sempre bloqueiam alguns para dispersar o movimento, é a estratégia que sempre usaram”, comenta Galo, cético. Também procurado pela reportagem, o UberEats não comentou sobre o protesto.

Saiba mais em: https://brasil.elpais.com/brasil/2020-07-02/entregadores-de-aplicativos-fazem-primeira-grande-paralisacao-da-categoria-no-brasil.html

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