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O declínio da democracia made in USAe os riscos de guerra civil e guerra terminal

 

Por: Aram Aharonian

O mundo alinhado com os Estados Unidos está atualmente liderando o declínio de um sistema que antes prometia promover um “consenso internacional sobre a democratização” e, em geral, os países aliados viram a qualidade de suas democracias cair quase duas vezes mais do que os países não alinhados.

O governo “democrático” de Joe Biden acaba de celebrar os direitos humanos com grande alarde –e também com bombas e balas -, em uma Cúpula da Democracia, talvez como uma forma de encobrir as mortes de civis na Síria por bombardeios e execuções via drones, ações ordenadas pouco depois de o atual mandatário assumir a presidência. O evento também nasce da necessidade de Washington de definir com quem pode contar ao seu lado para enfrentar os conflitos atuais e tentar isolar a China e a Rússia.

Enquanto tenta impor sua democracia made in USA ao resto do mundo, o governo continua tendo que lidar com seus problemas internos: três ex-generais – Paul Eaton e Antonio Taguba, ambos com 34 anos de carreira, além de Steven Anderson, com 31 anos –escreveram em artigo do Washington Post sobre a possibilidade de outro golpe de Estado, desta vez com maior participação dos militares, antes das eleições de 2024. “Estamos congelados até os ossos, pensando que um golpe poderia ter sucesso na próxima vez”.

Enquanto isso, outros especialistas expressam alarme sobre uma possível “guerra civil” no país, e a investigação legislativa sobre o ataque ao Capitólio no dia 6 de janeiro revela mais detalhes sobre o quão perto o país esteve de sofrer um golpe.

“Se outra insurreição ocorrer, o potencial para um colapso total da cadeia de comando ao longo das linhas do partido – do topo da cadeia até o nível mais baixo– é significativo. A ideia de unidades militares desleais se organizando para apoiar o ‘legítimo’ comandante-chefe não pode ser descartada”, acrescentaram os generais no artigo.

Além disso, eles sugeriram uma investigação de inteligência em todas as instalações militares, para identificar possíveis amotinados e propagandistas que usam desinformação entre as fileiras militares e, finalmente, que o Pentágono conduza jogos de guerra baseados em potenciais insurreições e tentativas de golpe pós-eleitoral, para identificar fraquezas e implementar medidas para evitar rupturas na cadeira de comando militar.

“Além das tribulações político-eleitorais, a política externa dos Estados Unidos enfrenta uma dinâmica multipolar em virtude da projeção econômica e militar da China e da Rússia, que enfraquece sua capacidade de gravitar para a enorme fluidez geoestratégica da liderança eurasiática, com uma população que se sente brutalmente agredida pelas forças militares e econômicas envolvidas nas guerras antiterroristas”, lembra o analista mexicano John Saxe-Fernández

Uma investigação do Instituto Watson, da Universidade de Brown, analisa essas guerras – batizadas por diferentes nomes: contra tráfico de drogas, contra o terrorismo, o crime organizado, o Plano Colômbia, a Iniciativa Mérida, etc… e estima os custos em oito bilhões de dólares, e cerca de 900 mil mortes. Bombas e balas fabricadas pelos Estados Unidos, mas que foram usadas apenas em países como Afeganistão, Iraque e Síria… em nome dessa democracia made in USA.

Os Estados Unidos não têm vida fácil na relação com seus parceiros europeus. A complexa dinâmica russo-germânica em relação a Washington está presente não apenas nas emergências de inverno europeias, onde se impõe o tema do fornecimento de gás natural seguro e barato, disponível através do gasoduto Nord Stream 2, mas também por causa das ameaças dos Estados Unidos de aplicar sanções econômicas de forma unilateral para tentar frear o projeto do gasoduto.

Esse ato, em defesa da democracia (?) e a tolerância da Europa com respeito à Rússia foram superados pelo governo dos Estados Unidos graças a um ato de guerra agravado por umaOTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) mais hostil, e empenhada em colocar a Eurásia no campo de batalha da eventual Terceira Guerra Mundial. Ou a guerra terminal.

Arrogância e ignorância do mundo real

A liderança política de Washington, além de mostrar excessiva arrogância e muito arriscada falta de tato multipolar, nega a tradição presente na articulação das instituições da ONU (Organização das Nações Unidas), como resultado profundamente negativo das guerras desencadeadas sob o pretexto de uma cruzada antiterrorista, após os ataques de 11 de setembro de 2001.

Sem dúvida, a incorporação de preceitos da doutrina outrora adotada pelo nacional-socialismo nazista,como a autodefesa antecipada na política de segurança internacional dos Estados Unidos, não ajuda em nada.

Saxe afirma que a catástrofe terminal está se desenvolvendo a partir de operações agressivas unilaterais e altamente explosivas, em um contexto multidimensional cada vez mais multipolar. Juntamente com o abandono do compromisso de Bush pai com Gorbachev de não mover a OTAN um centímetro para o Leste, a transferência de forças daquela aliança militar para as vizinhanças da Rússia e da China é a receita explosiva para uma Terceira Guerra Mundial, desta vez terminal, como advertiu o diplomata, cientista político e historiador norte-americano George Kennan.

A esse verso democrático, deve-se adicionar a situação conflitiva no Mar da China, a tensão entre a Rússia e a Ucrânia, o alerta estadunidense de que será necessário estar preparado caso o diálogo atual com o Irã fracasse, o convite dos Estados Unidos a Taiwan para participar da Cúpula da Democracia, o que irritou – e muito – a China, que reivindica aquele território como seu. Sem falar nas tensões que a Casa Branca mantém no que considera seu quintal: a América Latina e o Caribe.

O que alarma os analistas é a incrível ignorância – e desinteresse – das agências de inteligência dos Estados Unidos sobre o que realmente está acontecendo nos países da região. Eles já têm um discurso pronto desde a época da Guerra Fria, e novas instruções sobre como proceder para alcançar a aniquilação do suposto inimigo.

Logo, continuamos com a mesma “normalidade” de sempre: Guantánamo em seu lugar, os aliados ocidentais que desmembraram jornalistas seguem impunes e fazendo campanha, o rei emérito da Espanha, Juan Carlos I, se livrando de mais um de seus muitos crimes cometidos, ninguém sabe muito bem nem como, e nem importa mais saber… O mais importante é que a Estátua da Liberdade ainda está no lugar, para que mais?

A ilusão da democracia ocidental sofreu uma queda temporária, como se fosse um servidor de internet, quando a imprensa anunciou que a Suprema Corte do Reino Unido extraditaria Julian Assange para os Estados Unidos. “A angústia durou apenas algumas horas, já que, pouco depois, os servidores foram restaurados e tudo continuou funcionando normalmente”, descreveu o analista político Luis Gonzalo Segura, no canal RT.

Julian Assange –um terrorista, segundo Barak Obama, Donald Trump e também Joe Biden –foi condenado por ter publicado informações que revelaram os crimes de guerra cometidos pelos Estados Unidos, incluindo assassinatos de jornalistas e de crianças filhas de imigrantes. O fundador do WikiLeaks está preso em um centro penitenciário de segurança máxima no Reino Unido, desde abril de 2019.

Aconteça o que acontecer no julgamento a ser realizado em terras norte-americanas, o arremedo de democracia que governa os estadunidenses, ocidentais e cristãos já venceu. Já serviu para intimidar publicamente potenciais jornalistas e denunciantes de corrupção. “Desde que Assange publicou as revelações mais importantes em décadas, ele foi processado, desacreditado, deslegitimado, preso, maltratado e humilhado”, lembra Segura.

Foi apedrejado, foi socialmente executado pelo terrorismo da mídia transnacional, pelos trolls das redes sociais, na frente de todo o planeta, não só uma, mas sim várias vezes, como forma de dar o exemplo, de alertar sobre o que acontece com que faz o que ele fez, mostrando que a democracia ocidental pode ser ocidental, mas não é democracia.

A verdade sobre a cúpula

Em publicação recente, os embaixadores da Rússia e da China em Washington definiram a recente Cúpula pela Democracia como “um produto que mostra sua mentalidade (de Biden) ancorada na Guerra Fria (…), que só vai alimentar o conflito ideológico e criar novas divisões”.

A profunda crise que as democracias atravessam mostra que esse conceito vive um processo de revisão, e esta iniciativa de Joe Biden tem a ver com a estratégia de impor sua versão desse novo conceito, e à necessidade do país de se fortalecer perante seus inimigos externos (China e Rússia) e internos (políticas e forças herdadas de Donald Trump).

Washington se vendeu, durante muitos anos, como um defensor global da democracia, mas a realidade é mais complicada que isso. Ao longo dos anos, um número importante de aliados se rendeu a esse sistema, criando a impressão de que aceitar a democracia made in USA gera liberdades ao estilo norte-americano. Essas tendências atuais sugerem que isso pode não ser mais verdade, se é que algum dia foi.

Os Estados Unidos apoiaram ou instalaram ditadores, incentivaram a repressão violenta de elementos progressistas e/ou de esquerda, patrocinaram grupos armados antidemocráticos, etc. Frequentemente, isso era feito em países parceiros, com a cooperação dos governos locais. Até que veio a guerra contra o terrorismo em 2001, e Washington, novamente, pressionou para estabelecer autocratas dóceis e freios à democratização, especialmente em sociedades onde o Islã é predominante.

O resultado foi mais de uma década de enfraquecimento das bases da democracia nos países aliados. Ao mesmo tempo, as pressões em favor de uma visão muito específica de democracia, em ações de grupos organizados pelos Estados Unidos começaram a diminuir.

Retrocesso democrático

“Os Estados Unidos e seus aliados foram responsáveis %u20B%u20Bpor uma parte consideravelmente grande do retrocesso democrático global experimentado na última década”, observa Max Fisher, em artigo ao New York Times, acrescentando que quase todos os aliados da Casa Branca sofreram algum grau de erosão democrática desde 2010. Isso significa que os elementos essenciais, como eleições justas ou independência judicial, enfraqueceram e a uma taxa que excede em muito as quedas médias entre outros países.

Os países alinhados com os Estados Unidos quase não experimentaram nenhum crescimento democrático nas últimas duas décadas, embora muitos daqueles que estão longe da órbita de Washington tenham tido esse avanço.

Os dados registrados pela V-Dem, uma organização sem fins lucrativos com sede na Suécia, deixam claras as dificuldades da democracia, tendência característica da era atual. Sugerem, por exemplo, que muito do retrocesso do mundo “não é imposto às democracias por potências estrangeiras, mas sim a partir de uma podridão que está crescendo dentro da rede mais poderosa de alianças. Nessa forma de governo, os líderes eleitos se comportam como caudilhos e as instituições políticas são mais fracas, o que faz com que os direitos das pessoas sejam mantidos, desde que excluídos os das minorias”, explica o informe do New York Times.

Ao fazer um tour, vemos que Turquia, Hungria, Israel e Filipinas são exemplos disso, e até mesmo os próprios Estados Unidos, onde os direitos eleitorais, a politização dos tribunais e outros fatores preocupam muitos estudiosos da democracia.

“Seria muito fácil dizer que tudo isso pode ser explicado pela existência de Trump”, alertou Seva Gunitsky, cientista político da Universidade de Toronto. “Os dados indicam que a tendência se acelerou durante a presidência de Donald Trump, mas a origem do fenômeno é anterior a isso”, completa o acadêmico. Os analistas dizem que essa mudança é, provavelmente, impulsionada por forças de longo prazo, e apontam para o declínio da crença nos Estados Unidos como um modelo ao qual se inspirar.

O declínio da crença no próprio modelo, que já passou por uma série de choques neste primeiro quarto de Século 21, se explica por décadas de política norte-americana baseada apenas em questões de curto prazo, como a prioridade à guerra contra o terrorismo. Também se viu um aumento no entusiasmo por políticas não liberais.

A análise define como “aliados”aqueles países com os quais os Estados Unidos têm compromissos formais ou implícitos de defesa mútua. São 41 os países que se encaixam nesse conceito. Os dados contradizem as suposições de Washington de que essa tendência é impulsionada pela Rússia e pela China, cujos vizinhos e parceiros viram como suas pontuações mudam muito pouco. Outra corrente afirma que a tendência é promovida por Trump, que assumiu o cargo quando essas mudanças estavam bem avançadas.

Em vez disso, o retrocesso é endêmico em democracias emergentes, e até em democracias estabelecidas, de acordo com Staffan I. Lindberg, um cientista político da Universidade de Gotemburgo que ajuda a monitorar o índice V-Dem. Esses países, geralmente, estão alinhados com os Estados Unidos. Isso não significa que Washington seja exatamente a causa de sua retração, mas também não é uma informação irrelevante.

Entre muitos, um?

“E pluribus unum”. Ou, em português, “entre muitos, um”. São as palavras do grande brasão estadunidense. Existem vários estados, mas eles estão unidos. Os Estados Unidos são um país ou vários? Pode ser ambas as coisas, mas o que, então, mantém essa união? “Aparentemente, o povo norte-americano já foi muitos povos, e com o tempo se tornou um. Então, o que acontece com a memória daqueles que eram povos norte-americanos, no plural, antes de se tornarem um só? O que isso realmente significa?”, se pergunta o historiador Kenneth Weisbrode.

Segundo os últimos dados publicados pela ONU, há mais de 50 milhões de imigrantes nos Estados Unidos, o que representa 15,42% da população total. A imigração feminina é maior do que a masculina (51,66% do total). São o 37º país do mundo em porcentagem de imigração. Os principais países de origem da imigração nos Estados Unidos são México (22,68%), China (5,72%) e Índia (5,25%).

Em 2020, o país era etnicamentecomposto por 74,7% (224,1 milhões) de brancos – incluindo muitos de origem latino-americana –, por 12,1% (36,3 milhões) de afro-americanos, por 4,3% (12,9 milhões) de asiáticos e por 0,8% (2,4 milhões) ameríndios. Pessoas de outras raças constituem 6,0% (18 milhões) e outras pessoas com duas ou mais raças constituem 1,9% (5,7 milhões).

Este governo será capaz de curar essas divisões? Porque, na realidade, o país está dividido desde a sua fundação, em questões de tribo, confissão, classe, origem, aparência, estilo de vida, crenças e assim por diante. Muitos desses qualificativos identitários são vistos em oposição aos outros, às vezes dentro de uma mesma família, um povoado, uma nação.

Na maioria dos países, a identidade constitui o cerne da ordem política e social. As crianças aprendem que pertencem a uma tribo, uma confissão, uma raça, um grupo étnico, uma história, uma nação. A palavra que os estadunidenses gostam de usar para descrever essa combinação de identidade coletiva e individual é “excepcional”. Dizem que eles e seu país são excepcionais, porque qualquer um pode se tornar estadunidense.

A maioria dos estadunidenses que votou nas eleições presidenciais não o fez para reeleger Donald Trump, mas mais de 70 milhões votaram nele, um homem cuja reivindicação de poder e influência é baseada em sua habilidade de semear a divisão. Mas o país continuou a se dividir em vários tons de azul e vermelho, associados ao Partido Democrata e ao Partido Republicano, respectivamente.

Trump utilizou conceitos stalinistas para se referir aos“inimigos do povo”. O fez apenas para separar seus seguidores daqueles que identificou como seus inimigos. Assim, o ex-presidente deixa como legado o gesto de puxar a cortina e oferecer ao povo um vislumbre desse futuro de divisão.

Contudo, o país não está mais dividido hoje do que já esteve em outras épocas. Entre 1860 e 1865 foi travada uma brutal guerra civil. Os estados norte-americanos deixarem de ser verdadeiramente unidos, e passarem de ser um só país para serem muitos, é algo que pode acontecer, antes mesmo que alguém perceba.

Um conjunto de papéis, muitos deles assinados por norte-americanos, alertam para uma provável, ou até iminente desintegração dessa potência. Impérios maiores ou comparáveis %u20B%u20Bem tamanho ao dos Estados Unidos desmoronaram ao longo dos séculos. Arnold Toynbee, em seu memorável “Estudo da História”, afirma que todo império cria dois proletariados, um externo e outro interno, e acaba colapsando sob os escombros de ambos.

Quando os europeus se estabeleceram na América do Norte, no final do Século XVII, eles não encontraram grandes impérios como os que existiam nas Américas do Sul e Central. A população indígena foi dividida em vários grupos tribais, com poucas federações, mas sem um grande sistema político unificado. A relação entre os invasores europeus e os nativos americanos não era de disputa ou hostilidade aberta, mas de rivalidade e colaboração flutuantes e negociáveis.

Os europeus eram fracos e precisavam desesperadamente de ajuda para sobreviver. A população local cobiçava as armas e a tecnologia europeias, bem como lealdade contra os inimigos locais. Ambos usaram – ou se opuseram – ao outro, e com isso as divisões se multiplicaram.

O acadêmico Luis Britto lembra que os Estados Unidos não resultam de uma união entre povos, mas de uma violência implacável que exterminou grande parte da população originária, que devorou, por exemplo, %u20Ba América do Norte francesa, a qual se estendia do atual Canadá até Nova Orleans, roubou mais da metade de território do México, comprou o Alasca e invadiu e anexou ilhas como Havaí, Porto Rico, Filipinas, Samoa e Guam.

Graças a esta expansão e à disponibilidade ilimitada de trabalho escravo – ou semiescravo, no caso de muitos imigrantes –, os Estados Unidos foram capazes de explorar mais riquezas naturais do que qualquer outro país na terra, sobreviver à primeira tentativa de secessão e se tornar um império, impondo sua hegemonia por meio de uma rede de quase mil bases militares no hemisfério ocidental e em um Velho Mundo exausto e dilacerado pela guerra.

O acadêmico estadunidense Jared A. Brock argumenta que o país em breve será dividido em doze, e diz que essa situação é inevitável. “Cerca de metade dos norte-americanos querem se separar do sindicato e 31% acham que é provável que ocorra uma guerra civil nos próximos cinco anos. Os seguidores do Partido Democratasão a maioria dos que consideram provável essa situação”.

Cerca de 32% dos californianos concordam com o que se conhece como “Calexit” (separação da Califórnia do resto dos Estados Unidos). Argumentam que seria a quinta maior economia do mundo, com centenas de corporações, além de áreas de mercado maiores do que muitos países que parecem desesperados para se libertar de qualquer tipo de governo democrático.

Implosão? Guerra civil? Guerra terminal? Quem sabe. Enquanto isso, o aquecimento global continua, a crescente desigualdade continua, nos Estados Unidos e ao redor do mundo… e continuaremos a recitar o evangelho da democracia feito nos Estados Unidos. E sofrendo asconsequências também neste ano de 2022, que mal começou e já se parece aos anteriores.

Veja em: https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Pelo-Mundo/O-declinio-da-democracia-made-in-USAe-os-riscos-de-guerra-civil-e-guerra-terminal/6/52373

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