Por Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena
“Bolsonaro abriu seu jogo com relação às FFAA, e com isso deverá precipitar um processo de separação entre a turma da farda e a turma do pijama. Decidiu agredir o comandante em chefe do Exército e o mais provável é que provoque um fechamento de posição da oficialidade das três Armas em torno da posição defendida pelo General Pujol. Ou seja, uma vez mais, o senhor Bolsonaro ficou sem pão nem pedaço, e agora deverá ser colocado na cadeirinha de castigo simultaneamente pelas FFFA e pelo Centrão.”
Essa é a avaliação que faz o professor José Luís Fiori ao comentar os movimentos de Jair Bolsonaro nesta terça-feira, 30.3, quando demitiu os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica –a primeira vez na história que isso acontece, na maior crise militar no país desde 1977.
Professor de economia política internacional da UFRJ, Fiori concedeu entrevista por escrito, onde afirma: “Do jeito que as coisas estão e com a velocidade que está tomando a pandemia, a destruição econômica e a miséria da população, acho que muito mais cedo do que tarde o próprio Centrão abandonará o barco, e neste caso é muito provável que tomem o caminho do impeachment. Mas, se as coisas tomarem este caminho, acho que antes os próprios militares se encarregarão de retirar esse senhor da Presidência, obrigando-o a renunciar ou o levando para ser internado”.
Acompanhe a seguir a entrevista:
O que significam as mudanças ministeriais do governo Bolsonaro?
Uma grande derrota do senhor Bolsonaro, seguida de um erro de cálculo clamoroso e passo em falso. O pano de fundo dessas mudanças é conhecido, e quase não precisa ser relembrado: a soma da catástrofe sanitária com o descalabro econômico, o isolamento internacional e a desintegração moral da sociedade brasileira. Mas, do meu ponto de vista, a mudança ministerial propriamente dita teve como objetivo encobrir a grande derrota do governo, que foi a demissão imposta do ministro de Relações Exteriores, o senhor Ernesto Araújo. As pessoas talvez não avaliem a importância deste senhor para o governo Bolsonaro, e por isso também não consigam avaliar o tamanho do tombo que a saída do chanceler representou para o governo.
Saiba mais em: https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/O-fim-do-capitao-esta-mais-proximo-avalia-Fiori/4/50257
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