Grupo oposicionista Governo de Unidade Nacional defende “guerra defensiva” contra junta de generais que governa país desde golpe militar de fevereiro.
O grupo de oposição conhecido como Governo de Unidade Nacional (NUG, na sigla em inglês), composto por políticos e ativistas pró-democracia, conclamou a uma rebelião popular contra a junta militar que governa Myanmar, nesta terça-feira (07/09).
“Hoje iniciamos uma guerra defensiva do povo contra a junta militar”, declarou o presidente do NUG, Duwa Lashi La, num vídeo. “Durante esta revolução popular, todos os cidadãos devem se revoltar em todo o país contra a junta militar”, afirmou.
O líder da resistência também encorajou a população a se unir a grupos armados que se formaram depois do golpe para combater o regime. Esses grupos se aliaram a milícias étnicas que há anos lutam por mais autonomia.
Os militares no poder minimizaram a conclamação e disseram que os oposicionistas estão tentando desestabilizar o país.
O NUG se considera um governo paralelo e é composto por legisladores eleitos que não puderam assumir seus mandatos devido ao golpe militar de fevereiro. Eles estão no exílio ou na clandestinidade e buscam apoio da comunidade internacional.
União Europeia, Estados Unidos e Reino Unido anunciaram sanções à junta militar nos últimos meses.
Golpe de Estado
O Exército de Myanmar justificou o golpe de Estado de 1 de fevereiro com supostas fraudes eleitorais durante as eleições legislativas de novembro de 2020, cujo resultado deu a vitória à Liga Nacional para a Democracia, força política liderada pela ativista e Nobel da Paz Aung San Suu Kyi.
San Suu Kyi está em prisão domiciliar desde o golpe e enfrenta uma série de acusações na Justiça. Observadores internacionais disseram que não houve irregularidades nas eleições.
Desde o golpe, Myanmar está com a economia paralisadas e já teve várias manifestações, que fortemente reprimidas pelas forças militares e pela polícia.
Além das manifestações, greves tiveram a adesão de milhares de trabalhadores do setor público, gerando problemas em várias setores, como saúde, bancos, educação e indústria, e deixando o serviço público à beira do colapso.
Segundo a Associação de Assistência a Presos Políticos (AAPP), a repressão fez 945 mortos, e mais de 7 mil pessoas foram detidas. Cerca de 200 mil pessoas foram forçadas a fugir de casa devido às ações militares.
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