Banqueiro do Itaú vê democracia sob ameaça, mas não acredita em golpe
27/julho/20220
Após sair da presidência do Itaú em fevereiro de 2021, Candido Bracher afirma que “passou de executivo a reflexivo”, deixando a responsabilidade de conduzir o maior banco privado do Brasil, para ter mais liberdade e tempo disponível “para refletir sobre as questões do país”.
Por: Thais Carrança |Crédito Foto: Reprodução Youtube/Itaú. ‘Lula não me entusiasma, nem me assusta’, diz Candido Bracher, membro do conselho e ex-presidente do maior banco privado do país. Ele é um dos signatários de manifesto em defesa da democracia que será lançado em 11 de agosto
Atualmente membro do conselho de administração do Itaú Unibanco e da empresa americana de cartões de crédito Mastercard, o executivo atua agora também como articulista, escrevendo mensalmente uma coluna para o jornal Folha de S. Paulo.
Nesta semana, porém, ele deixou a seção de opinião e voltou às páginas de notícias, após assinar, ao lado de outros banqueiros, empresários, artistas, juristas e personalidades, um manifesto em defesa da democracia.
A “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito” será lançada em evento na Faculdade de Direito da USP no dia 11 de agosto. Na segunda-feira (25/7), antes de ser aberta para assinatura do público em geral, já reunia mais de 3 mil nomes.
“São intoleráveis as ameaças aos demais poderes e setores da sociedade civil e a incitação à violência e à ruptura da ordem constitucional”, diz trecho do manifesto.
“No Brasil atual, não há mais espaço para retrocessos autoritários. Ditadura e tortura pertencem ao passado. A solução dos imensos desafios da sociedade brasileira passa necessariamente pelo respeito ao resultado das eleições”, acrescenta o documento.
‘Uma manifestação preventiva’
“Numa situação dessas, quando nos aproximamos de uma eleição tão importante, nós não deveríamos estar preocupados com a possibilidade de o resultado ser contestado”, diz Candido Bracher, em entrevista à BBC News Brasil.
“Então essa é uma manifestação preventiva, de pessoas que se preocupam com a democracia no país e que, diante de sinais de que ela poderia estar ameaçada, se levantam e se manifestam”, completa.
O executivo afirma, porém, que não acredita na possibilidade de golpe ou de um episódio como a invasão do Capitólio no país — quando americanos insatisfeitos com a vitória de Joe Biden e incitados pelas acusações de fraude feitas por Donald Trump invadiram o Congresso dos EUA, em 6 de janeiro de 2021.
“Eu, pessoalmente, não acredito que existe essa possibilidade [de golpe]. Inclusive porque a sociedade civil demonstra o seu compromisso com a democracia”, diz o banqueiro.
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