Como falta de dinheiro prejudica inteligência e afeta decisões
9/junho/20220
É um quadro familiar nos últimos tempos: o orçamento está apertado e entrar no vermelho tem sido uma constante. Eis que surge um gasto inesperado. O carro quebrou e o conserto vai sair muito mais do que se pensava: R$ 3.000.
Por: Shin Suzuki | Créditos da foto: GETTY IMAGES.
O cérebro precisa arrumar uma saída: atrasa algumas contas para garantir o dinheiro do mecânico? Faz só o pagamento mínimo do cartão de crédito no mês? Pede um empréstimo para socorrer as finanças que já vinham pressionadas?
Independente do caminho escolhido, os esforços para se livrar de apuros financeiros – ou simplesmente sobreviver, caso de mais e mais famílias brasileiras – têm significativas consequências sobre a cognição.
É algo explicado pelo cientista comportamental Eldar Shafir, da universidade Princeton, nos EUA, e o economista Sendhil Mullainathan, de Harvard, em um livro de 2013 chamado Escassez – Uma Nova Forma de Pensar a Falta de Recursos na Vida das Pessoas e nas Organizações (editora Best Business).
A dupla emprega o termo “banda larga mental” para ilustrar a capacidade cerebral em situações assim.
Um computador com muitos programas abertos vai ter dificuldades para processar informação. A internet fica lenta. Os vídeos vão travar o tempo inteiro.
Da mesma forma, uma cabeça cheia de problemas financeiros terá a performance prejudicada: ficará sobrecarregada e levará a decisões ruins.
“A banda larga mental é muito limitada. Muitas vezes você precisa focar na urgência do agora e faz isso com competência: resolve o problema. Mas se esse movimento ocorrer o tempo inteiro nunca será suficiente. Vai negligenciar outras áreas da sua vida”, afirma o israelense Shafir à BBC News Brasil.
Para mensurar o impacto na inteligência, Shafir e Mullainathan realizaram um experimento semelhante à situação apresentada no começo do texto.
Foram a um shopping da cidade norte-americana de Nova Jérsei e selecionaram pessoas de condições econômicas distintas. Primeiramente os participantes eram confrontados com a necessidade de arcar com uma despesa de US$ 300 pelo carro que quebrou.
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