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Há risco de mais um golpe militar no Brasil?

Se Jair Bolsonaro tivesse apoio interno e internacional já teria dado golpe e como periga perder em outubro, vai tentar empastelar o processo eleitoral. Para que não tenhamos um Capitólio brasileiro, precisamos estar mobilizado para derrotá-lo nas ruas e nas urnas.

Por: Guilherme Boulos | Créditos da foto: Pedro Ladeira / Folhapress. O presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia de comemoração ao Dia do Soldado, no QG do exército, em Brasília.

Jair Bolsonaro, depois de um “período sabático” em que deixou de falar das urnas eletrônicas, voltou a ameaçar a integridade do processo eleitoral. Nas últimas semanas, atacou de novo o TSE, voltou a falar da “sala secreta” e exigiu militares no processo de apuração de novo.

Conforme outubro vai se aproximando e ele continua bem atrás de Lula nas pesquisas, Bolsonaro liga o modo desespero. Ataca, agride as instituições e ameaça com o golpe.

Visivelmente, ele usa o discurso golpista como cortina de fumaça, uma manobra de distração pra evitar a discussão dos temas que realmente importam pra maioria do povo brasileiro: inflação, desemprego, queda da renda. Mas não é apenas isso.

Não dá pra ignorar que, se Bolsonaro pudesse, se estivesse apenas nas mãos dele, ele já teria dado um autogolpe. Basta ver o 7 de Setembro do ano passado. O bolsonarismo tem um DNA autoritário, herdeiro de Silvio Frota e dos militares da chamada linha dura durante a ditadura.

Mas o Brasil de hoje não é o mesmo de 1964. Nem o cenário internacional. Hoje dificilmente um golpe teria apoio externo. O mais provável é que gerasse uma série de sanções e o isolamento do Brasil. Muito diferente de 1964, onde os Estados Unidos apoiaram o golpe do início ao fim.

Hoje é muito improvável imaginar uma situação em que o comando das Forças Armadas da ativa embarcasse numa aventura golpista do bolsonarismo. Não embarcou até agora, apesar das tentativas.

Agora, por, aparentemente, não existir o risco de golpe tradicional, com tanques nas ruas, não quer dizer que Bolsonaro não vai atuar, como já está atuando, para tumultuar o processo eleitoral, e criar um ambiente golpista. E por isso, ele fará o possível para mobilizar suas milícias políticas e seus seguidores nas polícias militares. Isso não é suficiente para dar um golpe e virar a mesa, mas é capaz de criar um tumulto no país, a exemplo do que fez Donald Trump com o episódio do Capitólio.

Resumo da ópera: é muito improvável que tenhamos um golpe militar tradicional. Mas também é muito improvável imaginarmos Bolsonaro perdendo as eleições e aceitando a derrota. Será preciso derrotá-lo nas urnas e nas ruas.

Não estamos num processo eleitoral normal. Nosso papel não será apenas no dia 2 de outubro. Essa eleição vai exigir engajamento e mobilização de todos nós. Temos 5 meses para disputar a consciência da sociedade, eleger Lula e derrotar a ameaça bolsonarista. Pra cima deles!

 

Veja em: https://jacobin.com.br/2022/05/ha-risco-de-mais-um-golpe-militar-no-brasil/

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