‘Perdi meu filho por mil reais’: roubo e latrocínio crescem em SP
10/junho/20220
R$ 1.124. Na tentativa de roubar um celular que custou menos que um salário mínimo, quatro homens mataram a tiros o adolescente Victor dos Santos de Jesus, de 15 anos, no Capão Redondo, na zona sul de São Paulo.
Por: Felipe Souza | Créditos da foto: Arquivo Pessoal. Ladrões mataram Victor (à dir.), de 15 anos, durante roubo de celular que custou menos de um salário mínimo
Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que o garoto, que tinha ido buscar a avó no ponto de ônibus, é abordado pelos criminosos e assassinado de maneira brutal há duas semanas.
“Não chegaram a levar o celular dele. Pelo que a gente entendeu das imagens de câmeras, ele não quis entregar o celular, entrou em luta corporal com um dos assaltantes e tentou correr. Quando ele correu, foi quando atiraram nele”, afirmou a personal trainer Danielle Maria de Jesus, de 33 anos, mãe de Victor.
“O medo dele era de que alguma coisa pudesse acontecer com a minha mãe, mas aconteceu com ele.”
“Minha mãe chegou em casa sozinha e perguntou onde estava o Victor, que não estava no ponto. O Vinicius falou que tinha saído para buscá-lo, mas chegou no ponto e não viu o irmão. Como era tarde, ele passou pelo corpo do irmão sem perceber. Só viu na volta, quando viu o corpo já sangrando pela boca. Só deu tempo de gritar por ajuda na rua”, contou a mãe Danielle de Jesus em entrevista à BBC News Brasil.
O garoto, conta ela, era muito estudioso e apaixonado pelo Corinthians. “Ele gostava muito de jogar futebol e videogame. Não dava trabalho. Sempre foi muito educado, conversava com todo mundo, tinha habilidade para conversar com as pessoas e, assim como o irmão dele, era muito sociável. Eu perdi meu filho por mil reais”, afirmou a mãe.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), houve 19.215 registros de roubo no Estado nos quatro primeiros meses de 2022, contra 16.722 no mesmo período do ano passado – um aumento de 14,9%.
Segundo a SSP, foram registradas 59 ocorrências de latrocínio em todo o Estado nos quatro primeiros meses de 2022, ante 57 no mesmo período em 2021. Um acréscimo de 3,5%.
O aumento de roubos, geralmente com uso de armas de fogo, aumenta a sensação de insegurança da população, que, ao ser assaltada, tem o destino da vida dela nas mãos do criminoso. A possibilidade de um crime patrimonial, considerado de menor potencial ofensivo, se tornar um homicídio, leva pânico à população.
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