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Petista é assassinado por bolsonarista em Foz do Iguaçu

Agente penitenciário invadiu festa de aniversário com temática pró-Lula aos gritos de “Aqui é Bolsonaro!” e depois matou a tiros um guarda municipal que também era tesoureiro do PT na cidade do oeste paranaense.

Por: Jean-Philip Struck |Créditos da foto: Mauricio Lima/AFP. Guarda municipal Marcelo Arruda também atuava como tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu e já havia sido candidato a vice-prefeito

Uma festa de aniversário com temática pró-Lula e decorada com símbolos do PT foi palco de um crime de ódio em Foz de Iguaçu (PR), em meio ao clima de tensão que marca o país a poucos meses da eleição presidencial, com uma campanha que já vem acumulando sucessivos episódios de violência política.

Na noite de sábado (09/07), o guarda municipal Marcelo Arruda, que também atuava como tesoureiro do PT da cidade e já havia sido candidato a vice-prefeito, foi assassinado por um agente penitenciário bolsonarista durante a celebração do seu aniversário de 50 anos. A vítima conseguiu atingir o agressor em legítima defesa antes de morrer. Câmeras de segurança registraram toda a ação. O assassino permanece internado – inicialmente as autoridades locais haviam informado incorretamente que ele também havia morrido.

O crime foi condenado pela classe política não bolsonarista e levantou acusações de que o comportamento do presidente de extrema direita Jair Bolsonaro vem instigando violência contra adversários.

O crime

Segundo informações do boletim de ocorrência,  o crime ocorreu quando Arruda e convidados celebravam o aniversário do guarda municipal, que ocorria com cerca de 40 pessoas na sede da Associação Recreativa Esportiva Segurança Física de Itaipu (Aresfi).

Imagens da festa mostram retratos de Lula nas paredes e símbolos do PT no bolo. Por volta de 23h, a festa foi interrompida temporariamente quando o agente penitenciário federal Jorge José da Rocha Guaranho passou em frente ao local de carro e gritou “aqui é Bolsonaro”.

Guaranho estava com uma mulher que tinha uma criança de colo. Ele não era conhecido pelos presentes na festa e não havia sido convidado, de acordo com testemunhas. Após Guaranho gritar por vários segundos, Arruda saiu da festa e atirou uma pedra no carro do agente. Guaranho então sacou uma arma de fogo e fez gestos ameaçadores, Nas imagens de uma câmera de segurança é possível ver uma mulher do lado de fora do veículo tentando acalmar a situação.

Guaranho inicialmente deixou o local, mas gritou que voltaria, segundo testemunhas.

Ele retornou vinte minutos depois e desta vez abriu fogo. Antes de disparar, ele foi abordado pela esposa de Arruda, uma policial civil, que se identificou como tal. Ainda assim, Guaranho disparou dois tiros contra Arruda. Imagens de outra câmera de segurança mostram Guaranho disparando diretamente contra Arruda, que cai no chão. O agente penitenciário então se aproxima e dispara mais uma vez diretamente no peito de Arruda.

No intervalo da saída de Guaranho e seu retorno, Arruda havia buscado sua arma no carro como precaução. Quando Guaranho voltou e disparou, Arruda, ferido, revidou e acertou três vezes o agente penitenciário após levar o segundo tiro. Guaranho permanece internado num hospital de Foz do Iguaçu.

“O bolsonarista apareceu do nada. Ninguém conhecia ele. Ele gritava que ia matar todos os petistas, gritava palavras de ordem e ‘aqui é Bolsonaro'”, relatou ao jornal O Globo o filho mais velho de Arruda, Leonardo. “Pelo ódio dele, parecia que ia matar todo mundo. Mas meu pai conseguiu evitar o pior, antes de morrer.”

Arruda deixa quatro filhos, entre eles uma menina de apenas dois meses.

Em entrevista a uma afiliada da TV Globo no Paraná, o secretário municipal de Segurança Pública de Foz do Iguaçu, Marcos Antonio Jahnke, afirmou que a Polícia Civil investiga o crime. “Pelo que a gente percebeu foi uma intolerância política”, afirmou o secretário.

O perfil de Guaranho no Facebook mostra várias publicações em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e a favor de armas. Em outubro de 2018, durante a campanha eleitoral, Guaranho postou “eu sou o caixa 2 de Bolsonaro”.

Suas contas no Twitter e Facebook também exibem publicações com outros bandeiras bolsonaristas: apoio a Donald Trump, oposição ao aborto, ataques à imprensa, denúncias mentirosas de fraude nas eleições americanas, conspiracionismo sobre a pandemia e críticas ao Supremo Tribunal Federal.

Em seu perfil no Twitter, ele se apresentava como “cristão” e “conservador”. Em uma publicação junho de 2021, Guaranho aparece ao lado do deputado Eduardo Bolsonaro, um dos filhos do presidente.

 

Saiba mais em: https://www.dw.com/pt-br/dirigente-petista-%C3%A9-assassinado-por-bolsonarista-em-foz-do-igua%C3%A7u/a-62425985

 

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