Relatório indica ainda que, se ritmo de emissões continuar alto como atualmente, aquecimento global tem chances de alcançar meta de 1,5°C em sete anos.
As emissões de dióxido de carbono da queima de combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás, devem bater um novo recorde, chegando a 36,8 bilhões de toneladas, segundo dados do Relatório de Orçamento de Carbono Global apresentado nesta terça-feira (05/12) Conferência do Clima, COP28, em Dubai.
Em relação a 2022, as emissões por queima de combustíveis fósseis, principal fonte do efeito estufa global que causa a crise climática, tiveram um crescimento de 1,1%, segundo o relatório elaborado por mais de 90 instituições, entre elas a Universidade de Exeter, a Universidade de East Anglia, o Centro de Pesquisa Climática Internacional e Universidade Ludwig-Maximilians de Munique.
Quando as emissões de CO2 fóssil e as emissões da mudança no uso da terra são somadas, o total aumentará para 40,9 bilhões de toneladas este ano, de acordo com as previsões para o final de 2023. O número geral é superior ao de 2022, quando teriam sido emitidas 40,6 bilhões de toneladas de CO2, e confirma a distância que persiste em relação às metas climáticas globais a serem cumpridas, que deveriam ser “urgentes”, segundo o relatório.
Enquanto cerca de metade do CO2 ainda é absorvido por “sumidouros” terrestres, como florestas e oceanos, o restante das emissões permanece na atmosfera e causa mudanças climáticas.
O estudo aponta também diferenças regionais na luta contra as mudanças climáticas. De acordo com os indicadores, grandes poluidores registraram quedas nas emissões de CO2 este ano, como os Estados Unidos (-3%), a União Europeia (-7,4%) e no resto do mundo (-0,4%). No entanto, a China, responsável por quase um terço das emissões globais, registrou um aumento de 4% nas emissões.
A Índia também teve aumento das emissões de CO2 em mais de 8% este ano, o que significa que o país ultrapassou a UE como o terceiro maior emissor de combustíveis fósseis, de acordo com o relatório.
Aquecimento global de 1,5°C em sete anos
O relatório também indica que, na taxa atual de emissões, há 50% de chance de que, em cerca de sete anos, o aquecimento global ultrapasse um limite normalizado de 1,5°C acima dos níveis térmicos da era pré-industrial. As emissões de CO2 agravam as mudanças climáticas e criam um panorama crítico, com temperaturas extremas e fortes tempestades.
“Parece inevitável que ultrapassemos a meta de 1,5°C do Acordo de Paris”, alerta Pierre Friedlingstein, da Universidade de Exeter, Reino Unido, e coordenador do relatório.
Por esse acordo, firmado em 2015, os países se comprometeram a limitar o aumento da temperatura a menos de 2°C em relação à era pré-industrial e, se possível, a 1,5°C. Desde então, a meta mais ambiciosa de 1,5°C tornou-se prioridade, pois um aquecimento maior pode desencadear mudanças perigosas e irreversíveis no clima do planeta – o que deixar regiões da Terra inabitáveis.
Os cientistas alertam que as ações globais para reduzir os combustíveis fósseis não estão sendo rápidas o suficiente para evitar mudanças climáticas extremas.
Cortes rápidos de emissões
Segundo os cientistas, a COP28 de 2023, que vai até o dia 12 de dezembro, terá de chegar a um acordo sobre “reduções rápidas nas emissões de combustíveis fósseis” que impeçam que a temperatura do planeta ultrapasse esses níveis ou, pelo menos, mantenham a meta de não ultrapassar um aumento de 2°C em relação à era pré-industrial.
“Todos os países precisam descarbonizar suas economias bem mais rápido do que têm feito, para evitar piores impactos nas mudanças climáticas”, afirma Friedlingstein.
A previsão é que as emissões atmosféricas de CO2 atinjam em 2023, 51% acima dos níveis pré-industriais.
Segundo Glen Peters, do CICERO, Centro de Pesquisa Climática Internacional, as emissões de dióxido de carbono estão 6% mais altas do que quando os países assinaram o acordo de Paris. “As coisas estão indo na direção errada”, alerta.
Devido aos gases de efeito estufa gerados pela atividade humana, o ano de 2023 também bateu recordes de temperatura e a Organização Meteorológica Mundial (OMM) afirmou que as temperaturas globais aumentaram em média 1,2 °C, tornando o ano de 2023 o mais quente da história, provocando ondas de calor, incêndios florestais, inundações e tempestades.
Veja em: https://www.dw.com/pt-br/emiss%C3%B5es-globais-de-co2-devem-bater-novo-recorde-em-2023/a-67638512
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