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IA Responsável: será possível construí-la?

Nesta terça, encontro online analisará o avanço da tecnologia sobre diversas áreas da sociedade — e a urgência de regulamentá-la. Em debate, a necessidade de um olhar interdisciplinar para proteger a cidadania e frear a colonização digital

Por: Cláudia Regina

Decolonização é a crítica ao colonialismo moderno, dos sistemas de conhecimento às práticas que resultaram no genocídio e expropriação material e imaterial de muitos povos ao redor do planeta. Com base em ideologias racistas e preconceitos de gênero, o colonialismo moderno perpetua-se em práticas implícitas e explícitas que ficam cada vez mais evidentes nos vieses algorítmicos.

A lógica da universalização tende a colocar como centro e modelo padrão para o que se entende como espécie humana, o mesmo sujeito que foi o protagonista da revolução industrial: homens brancos, ricos e do norte global. Desse modo, a “supremacia branca” é reflexo de uma supremacia tecnológica, computacional e financeira.

Considerando que uma “IA Responsável” deve ser socialmente benéfica, ser desenvolvida e testada para segurança, ser responsável perante as pessoas, incorporar conceitos de privacy by design, manter altos padrões de excelência científica e estar disponível para usos de acordo com estes princípios tais como as diretrizes apontadas pela UNESCO, conclui-se que esta tecnologia deve ser um benefício para a humanidade, de modo a não reforçar injustiças sociais, exploração e todo tipo de violência.

A IA Responsável, capaz de atender toda legislação de proteção a cidadania e direitos fundamentais, requer um diálogo com o tema da decolonização, desde que os problemas das práticas individuais e sociais que geram os dados são muito mais profundos e não se solucionam apenas com medidas técnicas, seja na área da computação, seja na área do direito. Sendo, portanto, fundamental que tais áreas, junto a grupos interdisciplinares busquem soluções para uma IA Responsável, reconhecendo perspectivas e valores plurais dentro de uma diversidade não apenas étnica e de gênero, como também epistêmica.

Este encontro pretende contribuir com o debate em curso para novas regulamentações sobre os usos da IA que se expandem para diversas áreas da sociedade, desde justiça, saúde, trabalho e educação, entendendo o seu potencial de impacto sobre a cultura.

 

Veja em: https://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/ia-responsavel-sera-possivel-construi-la/

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