Após 2,8 milhões de expulsões em três anos, regra do governo Trump que tornou praticamente impossível pedir asilo nos Estados Unidos vai expirar. Mas isso não significa o fim dos obstáculos migratórios no país.
Créditos da foto: ALFREDO ESTRELLA/AFP. Multidão atravessa o Rio Grande em direção aos EUA na última terça-feira
O chamado Título 42, uma regra imposta pelo governo americano no início da pandemia que tornou praticamente impossível pedir asilo nos Estados Unidos, vai expirar no fim desta quinta-feira (11/05), inflamando ainda mais o já acalorado debate sobre imigração no país.
Enquanto isso, milhares de migrantes têm cruzado a fronteira sul dos EUA nos últimos dias, temendo que novas políticas tornem ainda mais difícil obter entrada no país, enquanto outros se aglomeram no lado mexicano em meio à falta de clareza sobre as regras americanas.
Forças militares foram enviadas para ajudar os agentes de controle de fronteira a lidar com um aumento esperado de migrantes, sobretudo latino-americanos, em busca de refúgio no país mais rico do mundo.
O que é o Título 42?
O Título 42 foi implementado em março de 2020 pelo governo do ex-presidente Donald Trump como uma medida de saúde pública em meio à crise da covid-19.
Mantida pelo atual presidente, Joe Biden, a política federal permite a deportação rápida de migrantes que cruzam a fronteira ilegalmente, sem nem sequer analisar eventuais pedidos de asilo.
Estima-se que, entre março de 2020 e março de 2023, o Título 42 tenha sido usado como base para promover 2,8 milhões de expulsões dos EUA.
Nesta quinta, porém, chega ao fim a declaração de emergência sanitária no país devido à covid-19, fazendo expirar também o Título 42, imposto em teoria para manter as infecções sob controle. A medida deixa de valer no último minuto desta quinta-feira, no horário de Washington.
O que acontece agora?
Washington prevê uma chegada massiva de migrantes pela fronteira sul. Temendo uma situação “caótica”, o presidente Biden conta com 24 mil agentes na fronteira com o México para atender os migrantes que entram no país por “vias legais” – e expulsar o restante.
“Não sabemos o que está por vir no dia seguinte [ao fim da medida], não sabemos o que está por vir nos próximos dez dias”, afirmou Oscar Leeser, prefeito da cidade de El Paso, no Texas, uma das travessias mais movimentadas da fronteira de mais de 3.000 quilômetros entre os EUA e o México. “Sabemos que eles continuarão vindo e continuaremos garantindo que os ajudaremos.”
Em teoria, a suspensão do Título 42 permitirá que os migrantes que cruzam a fronteira façam valer seu direito de solicitar asilo e ter seu caso analisado pelas autoridades. O processo pode levar meses ou até anos. Nos primeiros dias, eles ficarão em centros de detenção.
Aqueles que forem expulsos poderão ser deportados para o México se forem de nacionalidade cubana, venezuelana ou nicaraguense.
Os opositores do Partido Republicano criticaram Biden por permitir que o Título 42 expirasse, alegando que o democrata estaria abrindo as portas do país para os migrantes. Uma das principais vozes do partido, o ex-presidente Trump disse que seria um “dia de infâmia”. “Haverá milhões de pessoas entrando em nosso país”, afirmou na quarta-feira.
Muitos migrantes cruzaram a fronteira em direção aos EUA nos últimos dias, à espera do fim do Título 42, enquanto milhares se aglomeram em áreas fronteiriças no México – muitos deles incertos sobre quando ou como atravessar. Imagens de drones mostram multidões reunidas na cerca fronteiriça entre El Paso, no Texas, e Ciudad Juarez, no México.
Veja em: https://www.dw.com/pt-br/o-que-significa-o-fim-da-medida-t%C3%ADtulo-42-nos-eua/a-65590273
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