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Discurso pró-armas aumenta no Congresso Nacional

Análise do Instituto Fogo Cruzado mostra que parlamentares que pregam armamento da população dominam o debate na área de segurança pública.

Como os parlamentares defendem as armas

Na tribuna, os parlamentares recorrem quase sempre aos mesmos tópicos para defender o uso de armas de fogo: medo da violência, direito à defesa e proteção, divisão da sociedade entre “cidadão de bem” e bandidos.

A estratégia é bem-organizada, avaliam os pesquisadores do Instituto Fogo Cruzado, e tem funcionado. Normalmente são usados termos como “defesa da família”, “defesa da propriedade”, “descontrole da segurança pública”, que costumam capturar a atenção dos brasileiros.

“Eles apresentam uma proposta que parece racional, que parece segura. Mas e os perigos da arma de fogo em circulação? Mais de 70% dos homicídios cometidos no Brasil são perpetrados com arma de fogo”, argumenta Rosa, citando casos de morte por tiro acidental, de crianças que encontram armas em casa, discussão de trânsito e feminicídio.

Para a pesquisadora, o estudo aponta uma necessidade de maior articulação política em torno do tema. “Segurança pública é um dever do Estado. A gente não tem que passar para o cidadão a responsabilidade de defender a sua própria vida e os seus bens. Colocar uma arma em cada um dos lares brasileiros e acreditar que isso vai tornar a nossa sociedade mais segura é, no mínimo, ingênuo e falacioso”, pontua.

Os impactos da flexibilização

Segundo o monitoramento do Instituto Sou da Paz, fundado há 25 anos, a flexibilização do porte de armas vista nos anos de Bolsonaro teve um efeito nocivo. Em 2018, havia cerca de 1,2 milhão de armas registradas nas mãos de civis. Ao fim de 2022, com o término do mandato, eram quase 3 milhões.

“É um cenário grave. Vimos que isso foi uma nova fonte de armas para o crime organizado. Vimos muitos casos de pessoas que se registram como CACs [colecionadores de armas, atiradores profissionais e caçadores] para abastecer o crime organizado”, comenta Carolina Ricardo, diretora-executiva do Sou da Paz.

Além de aumentar a possibilidade de desvio para os grupos criminosos, a maior circulação de armas se refletiu no aumento da violência. Uma pesquisa do instituto apontou que a cada duas mulheres assassinadas nos últimos dez anos, uma morreu por arma de fogo.

Diante da maior oferta de armas vista a partir de 2019, o Fórum Brasileira de Segurança Pública investigou detalhadamente como isso se refletiu na violência. As estatísticas mostraram que a cada 1% a mais na difusão de armas, há aumento de 1,1% na taxa de homicídio. No caso dos latrocínios, roubo seguido de morte, a proporção foi maior: a cada 1% no aumento de armas, a taxa aumenta 1,2%.

Veja em: https://www.dw.com/pt-br/discurso-pr%C3%B3-armas-aumenta-no-congresso-nacional/a-69544849

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