Clipping

Educação climática: Uma arma poderosa para as novas gerações

Em 2019, Itália tornou-se o primeiro país a introduzir as mudanças climáticas como disciplina obrigatória nas escolas. Mas para a maioria das crianças ao redor do mundo, essa realidade parece ainda estar distante

Uma realidade ainda distante

Apesar do Acordo de Paris reconhecer a educação como uma ferramenta crítica na resposta à crise climática, menos de um terço dos países signatários do acordo mencionam efetivamente a educação nos seus compromissos climáticos nacionais.

Apenas metade dos 100 currículos nacionais analisados ​​pela Unesco em 2021 mencionam as mudanças climáticas – e quando fazem, é muitas vezes de forma passageira. Cerca de 70% dos jovens questionados pela ONU afirmaram não ter conhecimentos para compreender ou explicar o fenômeno. Um estudo realizado no Reino Unido entre 2020 e 2021 mostrou que mais de um terço dos alunos afirmou ter aprendido “apenas um pouco” ou “nada” sobre o meio ambiente na escola.

Crianças em sala de aula numa escola na Nigéria, observando a professora
Muitos jovens dizem não ter tido acesso a educação climática nas escolas. Foto: DW

No entanto, a crescente visibilidade da crise climática – através de temperaturas recordes e eventos climáticos extremos – ajudou a criar um consenso global crescente de que “as crianças têm que ser sensibilizadas e devem receber as ferramentas certas para fazerem parte da solução”, afirma. Stefania Gianni, diretora-geral assistente de educação da Unesco.

Países nota dez

Embora não existam estatísticas oficiais para medir o impacto da mudança curricular na Itália, ela gerou agitação nas salas de aula e recebeu um retorno positivo dos professores, de acordo com a Associação de Professores e Gestores Escolares Italianos. Capo diz que os livros didáticos foram atualizados e mais recursos foram dados aos educadores e às escolas.

E a Itália não é o único país que se destaca como potencial líder na educação climática. Embora não seja obrigatório, todas as escolas secundárias da Nova Zelândia têm, desde 2020, acesso a materiais didáticos atualizados sobre as mudanças climáticas, escritos pelas principais agências científicas. Eles incluem tópicos como histórias de ativistas e como falar com os alunos sobre a ansiedade ecológica, que é o medo crônico da destruição ambiental.

Dois meninos em uma sala de aula no México com alguns outros estudantes atrás deles
O México é um dos poucos países que promovem a educação climática. Foto: Keith Dannemiller/ZPress/dpa/picture-alliance

Em 2019, o México também alterou sua Constituição para reconhecer a compreensão e a proteção do ambiente como um requisito do sistema educativo do país.

Não existe uma fórmula mágica

Gianni, da Unesco, acredita que não existe um modelo único para a educação climática – será diferente em Berlim ou Roma em comparação com uma pequena aldeia na Nigéria – e que as escolas devem ter o poder de moldá-lo às suas necessidades específicas.

As atualizações curriculares, que são notoriamente lentas e politicamente sensíveis, não são a única ferramenta para a mudança, diz Gianni. Ela argumenta que a verdadeira transformação dos sistemas educacionais requer uma abordagem mais humana, como o envolvimento da comunidade local mais ampla na educação sobre as alterações climáticas, garantindo que o espaço escolar seja construído e gerido de forma sustentável e também melhorando a formação de professores.

Educar professores

Abordar a falta de conhecimento e formação sobre o assunto para os professores é essencial, de acordo com uma análise da educação climática global de 2023 realizada pela Academia de Ciências Sociais da Austrália, um instituto de investigação independente.

Menina protestando em Roma
Um jovem ativista dos protestos “Fridays for Future” em Roma. Foto: Christian Minelli/NurPhoto/picture alliance

Capo, uma apaixonada ativista climática e fundadora do (uma ramificação do movimento jovem , que no Brasil é chamado de “Greve pelo Clima”), é uma exceção quando se trata de ter confiança no ensino das mudanças climáticas.

Num estudo da Unesco que envolveu 100 países, apenas 40% dos professores sentiram-se confiantes para explicar a gravidade do fenômeno global. Uma pesquisa de 2020 a professores na Europa concluiu que a falta de conhecimentos especializados era a razão mais comum pela qual não incluíam a educação climática nas suas aulas.

Capacitando os alunos

Para Capo, a sala de aula é uma das ferramentas mais poderosas no combate às mudanças climáticas. É uma linha direta com os jovens, onde professores como ela podem apresentar os fatos e dissipar a desinformação que os alunos leram online ou ouviram do governo italiano, cético em relação ao clima.

“No TikTok há muita desinformação sobre as mudanças climáticas e é fundamental educar os alunos sobre como distinguir as notícias falsas das verdadeiras”, afirma Capo.

A maioria está interessada, mas um pouco assustada, diz Capo. Ela tenta mostrar a eles que o conhecimento e a ação são o contrapeso à ansiedade.

“Quero que todos na sala de aula saibam que podemos fazer algo e que ainda há esperança”, diz. “Precisamos de esperança para fazer a diferença.”

 

Veja em: https://www.dw.com/pt-br/educa%C3%A7%C3%A3o-clim%C3%A1tica-uma-arma-poderosa-para-as-novas-gera%C3%A7%C3%B5es/a-68351437

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