Clipping

Mundo registrou 41 dias a mais de calor extremo em 2024

Mudanças climáticas impulsionaram ondas de calor neste ano que deve entrar para história como o mais quente já registrado. Estudo mostra ainda que em algumas regiões enfrentaram 150 ou mais dias extras de calor extremo.

Crédito Foto: Bruno Kelly/REUTERS. No Brasil, região amazônica foi afetada por seca histórica que produziu imagens como as destas embarcações encalhadas no Rio Negro, em Manaus

As mudanças climáticas provocadas pela humanidade expuseram as pessoas em 2024, em média, a 41 dias a mais de calor extremo – uma ameaça à saúde pública. Em algumas áreas no planeta, esse número chegou a 150 dias ou mais.

Os dados são do World Weather Attribution (WWA) e da Climate Central, que apontam que as mudanças climáticas pioraram boa parte dos eventos climáticos hostis à vida na Terra observados neste ano, que entra para a história como o mais quente já registrado.

As regiões mais afetadas pelas altas temperaturas eram as próximas da linha do Equador, principalmente pequenos Estados insulares em desenvolvimento. “Os países mais pobres e menos desenvolvidos do planeta são os lugares que estão expostos a números ainda maiores [que a média de 41 dias]”, destacou Kristina Dahl, vice-presidente de ciência climática da Climate Central.

E, o que é pior, as mortes relacionadas ao calor extremo são muitas vezes subnotificadas, segundo os cientistas. Friederike Otto, líder do grupo World Weather Attribution e cientista climática do Imperial College, frisou a importância de educar a população sobre os riscos do calor extremo para prevenir mortes.

“As pessoas não têm que morrer durante ondas de calor. Mas se não conseguimos comunicar de forma convincente que, na verdade, muitos estão morrendo, é muito mais difícil conscientizar”, alertou. “Ondas de calor são de longe o evento climático extremo mais letal, onde a mudança climática é o que realmente faz a diferença.”

A conclusão dos cientistas é amparada por uma análise comparativa de temperaturas diárias medidas em 2024 ao redor do mundo com as temperaturas mais amenas medidas entre 1991 e 2020. Os resultados não foram revisados ainda por outros cientistas, mas os pesquisadores usaram métodos chancelados por especialistas não envolvidos no estudo.

Um planeta mais quente também significa, além de secas e incêndios, oceanos mais quentes e temporais mais devastadores com maior frequência.

Dos 29 eventos climáticos extremos de 2024 analisados pelos cientistas, 26 estão claramente associados às mudanças climáticas. O El Niño também contribuiu para o quadro, embora não com a mesma intensidade, segundo os pesquisadores.

 

Publicado originalmente em: https://www.dw.com/pt-br/mundo-registrou-41-dias-a-mais-de-calor-extremo-em-2024/a-71168664

Comente aqui