República Democrática do Congo acusa Apple de usar minerais provenientes de mineração ilegal e fazer propaganda enganosa sobre suas cadeias de suprimentos.
População cética
Hypocrate Marume, membro do Comitê Consultivo da Sociedade Civil da província de Quivu do Sul, disse à DW que o processo contra a Apple é bem-vindo. Ele está otimista de que, a longo prazo, ele ajudará a acabar com as violações dos direitos humanos na RDC.
“Isso é um alívio”, disse Marume. “É por isso que estamos pedindo a todas as organizações da sociedade civil que apoiem nossos advogados. Para que tenhamos acesso a reparações pelos danos que esses grupos já causaram em conluio com os rebeldes.”
Um ativista ambiental que pediu para não ter seu nome divulgado disse à DW que a culpa por esse tipo de comércio não pertence somente às empresas e aos grupos armados. Ele disse que as autoridades da RDC não estavam cumprindo seu dever de proteger a população e controlar os recursos do país. “Foram elas que emitiram as licenças para as empresas”, disse ele. “Mas, se uma autoridade provincial for verificar o que está sendo feito no local, ela pode ser espancada por homens armados. Em que país estamos vivendo?”
Umpula continua esperançoso de que a ação judicial da RDC possa forçar as empresas multinacionais a examinar mais de perto suas cadeias de suprimentos.
Agora cabe à Justiça da França e da Bélgica decidir se as investigações serão iniciadas, o que poderia abrir um precedente.
Esses dois países foram escolhidos por suas regulamentações contábeis mais rígidas para incentivar a responsabilidade corporativa. Por outro lado, em março, nos Estados Unidos, um tribunal federal rejeitou uma tentativa de demandantes privados de responsabilizar a Apple, o Google, a Tesla, a Dell e a Microsoft por sua dependência do trabalho infantil nas minas de cobalto da RDC.
Marchand, o advogado que entrou com a ação, disse que foi provado, sem sombra de dúvida, que os fornecedores da Apple obtêm matérias-primas de áreas de conflito. “O próximo passo é provar que a Apple sabe disso”, disse ele.
Publicado originalmente em: https://www.dw.com/pt-br/por-que-congo-processou-apple-por-minerais-de-conflito/a-71136983
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