Clipping

Que poder ainda tem a Otan, aos 75 anos?

O quadro atual é análogo a 4 de abril de 1949: o Ocidente livre se une contra a ameaça que vem do Leste, sob o escudo nuclear dos EUA. Muito depende do resultado da guerra na Ucrânia, e Rússia permanece o maior perigo.

O atual presidente americano, Joe Biden, evoca como algo “sagrado e inviolável” o Artigo 5º da carta da Otan, segundo o qual o ataque a um dos membros é um ataque a todos. Na mais recente cúpula da organização, em 2023, na capital lituana Vilnius, ele descrevia com otimismo a situação atual: “hoje nossa aliança é um bastião da estabilidade e segurança globais, como tem sido há mais de sete décadas. A Otan está mais forte, mais cheia de energia e mais unida do que nunca”.

Cidade de Aleksinac, Sérvia, bombardeada pela Otan em 1999
Em abril de 1999, Otan intervia na guerra na ex-Iugoslávia, bombardeando a Sérvia. Foto: Jelena Djukic Pejic/DW

A maior ameaça para a aliança

O pesquisador de conflitos Dembinski concorda que atualmente a confrontação com a Rússia e o respaldo conjunto à Ucrânia solidificam a aliança, embora reconheça a fricção e a inércia decorrentes de possuir 32 membros, com interesses em parte conflitantes: isso a coloca intermitentemente “diante de um desafio existencial”.

“Mas o interessante da Otan é que até agora ela conseguiu superar todas as crises, e elas foram duras. Até o momento, a sua capacidade de se adaptar tem sido surpreendente”.

Para o ministro alemão da Defesa, Boris Pistorius, hoje o desafio da Otan é se readaptar, passando de missões internacionais para a negligenciada proteção do próprio território. É preciso voltar às raízes, e bem rápido, afirma.

“De certo modo, estamos dando a volta no volante em plena corrida: estamos parando já com o curso das mobilizações para crises internacionais, missões no estrangeiro. Precisamos retomar o impulso em direção à defesa nacional e da aliança. Isso exige um momento: estamos justamente no processo, e percebo que a coisa está dinâmica.”

O futuro da Organização do Tratado do Atlântico Norte dependerá do resultado da guerra da Rússia contra a Ucrânia, embora esta sequer seja país-membro, enfatiza o ex-porta-voz chefe da Otan e diretor de comunicações Jamie Shea: trata-se de uma questão de credibilidade para a aliança.

“Mesmo que Ucrânia consiga vencer e libertar seu território, a Rússia vai continuar malvada e vingativa: ela não vai amar a Otan. Infelizmente, por muitos anos a Rússia permanecerá sendo a maior ameaça para a Otan”.

 

Veja em: https://www.dw.com/pt-br/que-poder-ainda-tem-a-otan-aos-75-anos/a-68723916

Comente aqui