Clipping

Clima extremo matou quase 800 mil em 30 anos, diz ONG

Dominica, China e Honduras foram os países mais afetados por eventos climáticos extremos, de acordo com o Índice de Risco Climático da ONG Germanwatch.

Por: Beatrice Christofaro | Crédito Foto: Moises Castillo/AP Photo/picture alliance. Honduras, afetado por enchentes e furacões, sente em especial os efeitos do clima extremo por ser um dos países mais pobres do hemisfério ocidental

Eventos climáticos extremos podem devastar uma região ou mesmo todo um país: matar ou ferir pessoas, destruir infraestruturas e lavouras, prejudicar negócios. E esse risco está se intensificando com a mudança climática.

O mais recente Índice de Risco Climático, da ONG alemã Germanwatch, compilou dados sobre esses eventos de 1993 a 2022.

Nesse período, quase 800 mil pessoas foram mortas em tempestades, inundações, secas, ondas de calor e incêndios florestais. E os danos econômicos totalizaram quase 4,2 trilhões de dólares, um valor que foi ajustado à inflação.

O índice classifica os países de acordo com o impacto econômico e humano (mortos, feridos, desabrigados e forçados a se deslocar) dos eventos climáticos extremos, como tempestades, enchentes ou ondas de calor. O país mais afetado é listado primeiro. Em 2025, a Dominica, a China e Honduras estão no topo do ranking.

Impacto humano e perdas econômicas

A consultora de políticas da Germanwatch Lina Adil, uma das autoras do relatório, explica que o objetivo do índice é dar uma visão dos riscos reais que os países estão enfrentando.

Há diferentes tipos de risco. Por um lado, há o impacto humano: mortes, ferimentos, falta de moradia e deslocamento. Depois há as perdas econômicas. As duas categorias são ponderadas igualmente.

A Dominica, o país caribenho propenso a furacões que lidera o ranking, sofreu no período de 30 anos avaliado pela Germanwatch grandes golpes econômicos com tempestades. Em 2018, por exemplo, o furacão Maria causou danos de até 1,8 bilhão de dólares. Isso equivale a 270% do PIB da Dominica.

O país também registra um alto número relativo de mortes, quando comparado à sua pequena população.

A China ficou em segundo lugar porque partes significativas de sua enorme população foram mortas ou afetadas por frequentes ondas de calor, tufões e inundações. As inundações de 2016 mataram mais de cem pessoas e desabrigaram centenas de milhares.

Honduras, o terceiro no índice, sente em especial os efeitos do clima extremo por ser um dos países mais pobres do hemisfério ocidental. Em 1998, o furacão Mitch matou mais de 14 mil pessoas e destruiu 70% das plantações e infraestrutura.

“Isso foi há mais de duas décadas, mas o impacto foi tão severo que até hoje falamos sobre isso”, diz o professor de ação climática Diego Obando Bonilla, da Universidade Zamora, em Honduras.

O furacão causou prejuízos de 7 bilhões de dólares, o que interrompeu o processo de desenvolvimento do país. Um setor particularmente vulnerável aos furacões e secas que atingem Honduras é a agricultura.

“É um dos setores mais importantes aqui, depois das remessas feitas por imigrantes. Há o café e as bananas, que são exportados, mas também os grãos, como milho ou feijão, que afetam o consumo diário das pessoas ou às vezes até mesmo o sustento”, diz Obando Bonilla.

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