Autoridades dos dois países anunciam que vão reduzir temporariamente tributos sobre importações em 115%. Tarifas americanas sobre produtos chineses devem cair de 145% para 30%, enquanto a China reduzirá de 125% para 10%
Por: DW Notícias | Crédito Foto: imago images/Dreamstime. O aumento recíproco das tarifas vinha causando enormes prejuízos ao comércio bilateral
Os Estados Unidos e a China anunciaram nesta segunda-feira (12/05) um acordo para reduzir as tarifas recíprocas de importação por um prazo de 90 dias.
Autoridades dos dois países se reuniram neste fim de semana em Genebra para tentar trazer alívio à guerra comercial deflagrada pelas tarifas de importação impostas pelo governo do presidente dos EUA, Donald Trump. As medidas geraram fortes tensões na economia global e abalaram mercados financeiros mundo afora.
Nesta segunda-feira, o Secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou em Genebra que os dois lados chegaram a um acordo para uma pausa de 90 dias e uma redução nas tarifas recíprocas em 115%.
Dessa forma, as tarifas dos EUA contra a China devem permanecer em 30% nos próximos 90 dias. Já as da China contra os EUA, em 10%.
Trata-se de uma redução significativa nas tensões comerciais que se agravaram nas últimas semanas. Os EUA haviam aumentado os tributos sobre os produtos chineses para 145% – incluindo uma tarifa punitiva de 20% adicionada para combater as importações de fentanil para os EUA. Pequim retaliou com a imposição de tarifas de 125% sobre as importações americanas.

“Diálogo franco e construtivo”
As reuniões em Genebra foram as primeiras interações presenciais entre autoridades econômicas dos EUA e da China desde que Trump retornou ao poder, em janeiro e deu início à imposição de tarifas aos parceiros comerciais internacionais, atingindo principalmente a China.
Bessent disse nesta segunda-feira que “os dois lados demonstraram grande respeito” durante as negociações. “Ambos os países representaram seus muito bem interesses nacionais “, afirmou o secretário. “Temos interesse em um comércio equilibrado, e os EUA continuarão caminhando em direção a isso.”
Neste domingo, representantes chineses descreveram as negociações como um “diálogo franco, profundo e construtivo”. O vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, disse que ambos os lados concordaram em “estabelecer um mecanismo de consulta” para novas discussões sobre questões comerciais e econômicas.
O aumento recíproco das tarifas vinha causando enormes prejuízos ao comércio bilateral, que no ano passado ultrapassou 660 bilhões de dólares (R$ 3,7 trilhões).
Temores de recessão global
Na semana passada, que marcou os 100 dias do segundo mandato Trump, seu governo anunciou que a economia americana retraiu a uma taxa anual de 0,3% no primeiro trimestre de 2025, o maior recuo desde 2022.
A bolsa americana despencou, e Trump foi rápido em tentar colocar a culpa do resultado frustrante em seu antecessor, Joe Biden, fazendo pouco caso do início caótico de seu segundo mandato, com guerra tarifária, mudanças bruscas em políticas e demissões em massa no governo.
Ao reagir às tarifas de Trump, Pequim impôs restrições à exportação de alguns elementos de terras raras, vitais para os fabricantes americanos de armas e bens de consumo eletrônicos, e elevou tarifas sobre uma série de produtos americanos.
Os mercados financeiros estão atentos a sinais de alívio na guerra comercial, enquanto as negociações entre EUA e China aumentam as esperanças de que uma recessão global possa ser evitada.
Publicado originalmente em: https://www.dw.com/pt-br/eua-e-china-v%C3%A3o-reduzir-tarifas-rec%C3%ADprocas-por-90-dias/a-72513630