[Vídeo] Os alemães negros muitas vezes se sentem pressionados a usar o cabelo de uma maneira que se encaixe no ideal de beleza branco ocidental. Para isso, muitos deles ainda usam produtos que podem até causar problemas de saúde para alisar os cabelos. Mas agora mulheres como Ciani-Sophia Hoeder estão desafiando esse padrão na Alemanha.
Alemães negros muitas vezes se sentem pressionados a usar o cabelo de uma maneira que se encaixe no ideal de beleza branco ocidental. Mas mulheres como Ciani-Sophia Hoeder estão desafiando esse padrão na Alemanha.
“Eu sempre me recordo daqueles comerciais clássicos de cabelo de quando eu era criança: uma mulher aparecia em uma sala e estava totalmente frustrada, as coisas não iam bem nem no relacionamento, nem no trabalho, e o cabelo dela parecia com o meu cabelo”, conta Ciani-Sophia Hoeder, fundadora da revista RosaMag.
Mas somente o cabelo liso, brilhoso e comprido pode ser bonito? É isso, pelo menos, que os anúncios de cabelo sugerem há anos. “Por causa disso, interiorizamos essas imagens: cabelo com textura afro não é profissional – uma condição frustrante que precisa ser tratada”, conta Hoeder, que fundou uma revista de estilo para mulheres negras.
Ela afirma ainda que existe uma longa tradição de que, em espaços de sucesso, espaços de dominação branca, os negros, quando estavam presentes, alisavam os cabelos. “Ainda muito jovem, eu também notei rapidamente que, se eu quisesse ter sucesso neste mundo, teria que deixar meu cabelo liso para me encaixar.”
Este ideal de beleza ocidental tem raízes na escravidão e no colonialismo, como explica Ruta Almedom, diretora de Ciência do CodeCheck: “À época do tráfico transatlântico de negros escravizados e na era colonial, os negros já eram classificados não só pelo tom de pele, mas também pelos cachos afro. Isso significava que quanto mais escuro o tom de pele ou quanto mais fortes os cachos afro, menos valor essa pessoa tinha”.
É por isso que relaxantes capilares são populares, porém, esses produtos de beleza também são caros e, ainda por cima, alguns deles são tóxicos. Um estudo recente nos Estados Unidos vincula o uso desses produtos a condições médicas como asma.
“Dados de biomonitoramento dos EUA mostraram que a concentração dessas substâncias hormonais ativas, assim como as substâncias indutoras de asma, eram muito mais altas no sangue de mulheres negras do que os níveis apresentados no sangue das mulheres brancas”, explica Almedom.
Hoeder diz que alisou seu cabelo por mais de dez anos e que cortar o cabelo completamente e começar tudo de novo foi uma sensação catártica. “Foi uma enorme mudança para mim. Mas também senti como uma forma de empoderamento”, conclui.
Veja em: https://www.dw.com/pt-br/como-%C3%A9-ter-cabelo-afro-na-alemanha/av-59353561
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