‘O governo sabia de tudo e não falou nada na COP’, afirma o diretor do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, André Guimarães
Crédito imagem: Carl De Souza/AFP
Repercute negativamente o anúncio de que o desmatamento atingiu o índice mais grave dos últimos 15 anos, com alta de 22% entre agosto de 2020 e julho de 2021, chegando a 13.235 km². Entidades, políticos e cientistas responsabilizam o governo de Jair Bolsonaro pela destruição ambiental e condenam as alegações do presidente da República a líderes internacionais.
Em nota, o Observatório do Clima declarou que a disparada no desflorestamento mostra o “triunfo” do “projeto ecocida de Bolsonaro”. Nas palavras do secretário-executivo da instituição, Márcio Astrini, o governo promove um “projeto cruel que leva a maior floresta tropical do mundo a desaparecer diante dos nossos olhos e torna o Brasil de Bolsonaro uma ameaça climática global”.
a mesma linha, o Instituto Socioambiental afirmou que o desmatamento está “fora de controle” e que “a ampliação de estradas responde por 95% do desmatamento na Amazônia”. A entidade criticou a tramitação do que chama de “PL da Boiada”, o Projeto de Lei 2.159/2021, que prevê a flexibilização de regras para licenciamento ambiental.
O diretor-executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, André Guimarães, criticou Bolsonaro por ter omitido os números na COP-26, a conferência da Organização das Nações Unidas para o clima, realizada recentemente.
“Voltamos a níveis de 2006… Os estados mais bem preservados (AM e AP) tiveram os maiores aumentos percentuais. Os grileiros seguem empurrando a fronteira para dentro da floresta. E o governo sabia de tudo e não falou nada na COP.”
Na mesma linha, o coordenador da Frente Ambientalista do Congresso Nacional, o deputado federal Rodrigo Agostinho (PSB-SP), declarou a CartaCapital que o novo recorde no desmatamento “já era esperado”.
“Uma vergonha foi a omissão de esconder os dados durante a COP”, disse o parlamentar. “O governo federal e os governos estaduais não possuem planos nem políticas públicas de combate ao desmatamento. E sem isso não iremos reduzir esses números.”
Na imprensa internacional, a agência espanhola EFE e o portal argentino Infobae estiveram entre os primeiros veículos a reportar o trágico dado. A EFE enfatizou que a área desmatada é similar ao território de Montenegro e superior aos de países como como Catar, Jamaica e Kosovo.
Algumas autoridades também já se manifestaram. O Ministério da Justiça e Segurança Pública, chefiado por Anderson Torres, disse que “o governo federal irá atuar com tolerância zero no enfrentamento ao desmatamento ilegal” e que “as ações serão expandidas e executadas de forma contundente no combate aos crimes ambientais”.
O governador Helder Barbalho (MDB), que gerencia o estado com o pior registro de desmatamento, alegou que “70% das áreas florestais do Pará estão sob jurisdição do governo federal”. Também declarou que “de janeiro a outubro de 2021, em 7 dos 10 meses o Pará apresentou redução nos seus índices de desmatamento”.
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