A apoiadores, Bolsonaro critica discurso do presidente eleito da Colômbia, que será o primeiro líder de esquerda do país, comparando fala sobre libertar jovens presos a declarações de Lula.
Créditos da foto: Ueslei Marcelino/REUTERS. Bolsonaro adota com Petro tática usada com presidentes eleitos da Argentina e Chile
Ainda sem ter parabenizado o presidente eleito da Colômbia, o esquerdista Gustavo Petro, o presidente Jair Bolsonaro criticou nesta segunda-feira (20/06) o discurso do futuro líder colombiano e aproveitou para compará-lo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em seu discurso de vitória, Petro defendeu a libertação de jovens que foram detidos durante uma onda de protestos no ano passado. As manifestações eclodiram após uma proposta de reforma tributária e passaram a exigir melhores condições de vida para a população e uma distribuição de renda mais justa. Mais de 60 pessoas morreram nos protestos, sendo que 59 eram civis. A violência das forças de segurança contra os manifestantes foi alvo de críticas internacionais.
“Quanta gente morreu, quanta gente está presa hoje, quantos jovens algemados, tratados como bandidos só porque tinham esperança, só porque tinham amor. Peço ao procurador-geral da nação que liberte a nossa juventude”, disse Petro após sua vitória.
Em uma conversa com apoiadores, Bolsonaro generalizou a fala de Petro e alegou que Lula iria fazer o mesmo se fosse eleito, remetendo a uma declaração do ex-presidente que tem sido propagada por bolsonaristas.
“Vocês viram o discurso de hoje do novo presidente da Colômbia? ‘Soltar todos os meninos presos, todos’. O Lula vai soltar os menininhos que mataram alguém por um celular para tomar uma cerveja”, disse Bolsonaro.
Declarações de Lula
Bolsonaro fez referência a duas falas de Lula. Numa delas, que foi editada e circula em redes bolsonaristas, o ex-presidente supostamente defendia “tomar uma cerveja” com ladrões de celulares – o que não é verdade.
Na outra, de 2018, Lula afirmou: “Não posso ver o aumento do número de gente dormindo na rua. Não posso ver o aumento do número de mulheres jovens vendendo o corpo em troca de um prato de comida. Não posso ver mais jovem de 14 e 15 anos assaltando e sendo violentado, sendo assassinado pela polícia, às vezes inocente ou porque roubou um celular.”
Sem dar parabéns
Bolsonaro é um dos poucos líderes mundiais que ainda não parabenizou Petro pela vitória. Ao ser questionado por apoiadores sobre a eleição na Colômbia, o presidente se confundiu e disse que Petro foi um “ex-guerrilheiro do MIR” – um grupo do Chile. Petro, no entanto, fez parte do M-19, uma organização de guerrilha urbana colombiana.
Ao evitar parabenizar o presidente eleito e apenas fazer críticas, Bolsonaro segue a tática que adotou após a eleição de candidatos de esquerda na Argentina, Alberto Fernández, e no Chile, Gabriel Boric.
Veja em: https://www.dw.com/pt-br/bolsonaro-compara-gustavo-petro-a-lula/a-62202066
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