Apoiador de Ciro, o ex-ministro de Lula e Dilma acredita que nem o petista nem Bolsonaro representam a mudança que o País precisa
Por: Alisson Matos e Thais Reis Oliveira |Créditos da foto: Reprodução
Engana-se quem pensa que o principal problema do Brasil seja a desigualdade social que marca historicamente o País. Ao menos na avaliação do ex-ministro Roberto Mangabeira Unger o principal impedimento para o desenvolvimento da nação é a mediocridade.
O professor da Universidade Harvard lançou recentemente o livro ‘Governar o mundo, sem governo mundial‘, pela Leya Brasil, em que que defende que só a cooperação internacional pode assegurar os bens públicos globais imprescindíveis às sociedades contemporâneas.
Em entrevista a CartaCapital, o teórico social aprofunda o tema e traz a discussão para as complexidades brasileiras. “O nosso problema central é a mediocridade”, reforça Mangabeira. “O Brasil é um país cheio de vida, com uma vitalidade transbordante e anárquica, mas que historicamente negou à maioria dos concidadãos os instrumentos para transformar essa vitalidade em ação construtiva”.
Para o professor, o maior desafio brasileiro está na forma de buscar um modelo único para sair da condição de mero exportador de produtos agrícolas. Na conversa, ele ressalta que a resposta não está nos modelos adotados pelos países desenvolvidos.
“Este é o dilema do desenvolvimento: o antigo não funciona mais e o novo parece inacessível”, declara. Nós estamos acostumados a copiar e eu estou propondo que o Brasil ande na frente. Esta seria talvez a maior tarefa de todas: nos reconciliarmos com a ideia da grandeza”.
O ex-ministro também aborda a eleição de outubro deste ano e afirma que nem o ex-presidente Lula (PT) nem o presidente Jair Bolsonaro (PL) representam a mudança que o Brasil precisa.
“Os dois candidatos que figuram nos primeiros lugares das pesquisas são semelhantes no essencial”, avalia. “E o essencial que ambos representam de forma diferente é a combinação dos dois elementos que constituem o projeto que nos tem governado nessas últimas décadas: financismo fiscalista e o pobrismo”.
Confira a seguir:
Carta Capital: No livro, o senhor propõe uma governança global, mas aponta diferenças em relação a um governo mundial. Quais são?
Mangabeira Unger: Muitas pessoas que escrevem sobre a organização do mundo, neste período conturbado, são globalistas, que implicitamente preconizam algo que esteja no rumo da formação de um governo mundial. A maioria da humanidade não quer isso, não quer um grande império ou burocracia mundial. Pelo contrário, a maioria continua a apostar em um Estado soberano como escudo sob o qual a humanidade desenvolverá suas potências em diferentes direções. A indagação a que meu livro responde é como a humanidade pode ordenar o mundo sem cair nos braços de um governo mundial.
Saiba mais em: https://www.cartacapital.com.br/entrevistas/o-problema-central-do-brasil-e-a-mediocridade-diz-mangabeira-unger/
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