Clipping

Eleições 2022: os cinco temas que dominaram o debate entre Lula e Bolsonaro

Os candidatos à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) participaram no domingo (16/10) do primeiro debate na corrida do segundo turno.

Créditos da foto: Reprodução/Tv Bandeirantes. Durante debate, Lula e Bolsonaro usaram maior parte do tempo para falar sobre pandemia, fake news e corrupção

No encontro, transmitido pela TV Bandeirantes e um “pool” de outros veículos, os candidatos se enfrentaram diretamente em três blocos e durou quase duas horas.

Entre os principais temas discutidos pelos presidenciáveis estão pandemia, fake news, economia e benefícios sociais.

Apesar da tensão nas campanhas, o debate teve poucos momentos mais acalorados — o que se refletiu, por exemplo, no número relativamente baixo de pedidos de direito de resposta, ao contrário do que ocorreu no último debate do primeiro turno.

Em alguns momentos, Lula administrou mal o tempo que poderia usar para responder e questionar o adversário dele. No terceiro bloco, por exemplo, Lula esgotou o tempo dele quando Bolsonaro, que tenta a reeleição e está atrás nas pesquisas, ainda tinha mais de cinco minutos para falar.

A última pesquisa feita pelo instituto Datafolha, divulgada na sexta-feira (16/10) mostrou Lula com 49% das intenções de voto contra 44% de Bolsonaro. O segundo turno das eleições presidenciais acontecerão no dia 30 de outubro.

Confira abaixo uma seleção feita pela BBC News Brasil de alguns trechos do que foi discutido no debate.

Pandemia

O primeiro bloco do debate entre os presidenciáveis foi tomado pelas discussões sobre a pandemia. De um lado, Lula responsabilizou Bolsonaro por mais de 400 mil mortes de brasileiros que, segundo ele, poderiam ter sido evitadas e teriam sido causadas diretamente por atraso na compra de vacinas.

“O Brasil tem 5% da população mundial e 11% das mortes. Por que houve tanta demora para comprar vacina?”, questionou o petista.

Bolsonaro se defendeu dizendo que não atrasou a vacina, pois “não havia venda em 2020”.

Presidente Lula discursa no fim do debate
CRÉDITO,REPRODUÇÃO/ TV BANDEIRANTES. Legenda da foto. O primeiro bloco do debate entre os presidenciáveis foi tomado pelas discussões sobre a pandemia

“No Brasil, em janeiro de 2021 começaram a vacinar. Todos aqueles que quiseram se vacinar, se vacinaram. E o Brasil foi um dos países que vacinou mais rápido”, afirmou o candidato do PL.

Lula, então, retrucou dizendo que esse “é um fato de concreto” de que a negligência de Bolsonaro levou brasileiros à morte na pandemia.

“A verdade é que o senhor debochou, o senhor gozou das pessoas e deixou as pessoas morrerem afogadas por falta de oxigênio em Manaus. Apareceu na TV imitando pessoas sem ar.”

Bolsonaro, então, atacou Lula afirmando que “tem um vídeo de Lula dando graças a Deus que à natureza criou a covid”.

“O que eu fui contra é protocolo do sr. Mandetta (então ministro da Saúde), que mandava à pessoa irem pra casa até sentir falta de ar. A vacina não é para quem está contaminado – é para quem ainda não foi”, disse.

Bolsonaro também acusou o PT e políticos do Nordeste de corrupção na pandemia.

Benefícios sociais

Bolsonaro iniciou o debate dizendo que o Auxílio Brasil será mantido de “forma vitalícia”, caso ele seja reeleito e que o PT era contra o benefício.

Lula respondeu dizendo que o PT havia feito proposta de Auxílio maior antes da determinação dos 600 reais. “O presidente só propunha 200 reais”, disse o petista.

O petista disse ainda que “se souber planejar vai ter dinheiro para fazer as coisas” e fala em aprovar uma reforma tributária.

O ex-presidente citou feitos do seu governo: “Fizemos a maior política social que esse país já teve, geramos 22 mi de empregos” e cita criação de universidades. E questionou Bolsonaro sobre quantas universidades ele fez em seu governo.

Bolsonaro disse que “não tinha cabimento abrir universidade para ficar fechada (na pandemia)” e disse que deu anistia a dívidas do Fies.

Fake news

Uma declaração de Bolsonaro, dada em entrevista a um podcast, causou polêmica nas redes sociais nesta semana após ele narrar um episódio em que teria visto adolescentes venezuelanas em situação de vulnerabilidade no Distrito Federal. Vídeos mostram o presidente dizendo que “pintou um clima” ao passar pelas meninas que, segundo ele próprio, teriam entre 14 e 15 anos.

Bolsonaro aproveitou a pergunta de um jornalista para tocar no tema e chamar a campanha de Lula de mentirosa.

“O seu programa, influenciado por Gleisi Hoffmann, me acusou de pedofilia, tentando me atingir naquilo que tenho mais de sagrado: a defesa da família brasileira, defesa das crianças”, afirmou Bolsonaro.

Bolsonaro durante debate na Band
CRÉDITO, REPRODUÇÃO/ TV BANDEIRANTES. Legenda da foto: Bolsonaro usou decisão de Alexandre de Moraes para dizer que campanha de Lula usou fake news

E usou uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tomada pelo ministro Alexandre de Moraes, que mandou excluir vídeo sobre as meninas e também proibiu que o PT o use em sua campanha.

“O sr. Alexandre de Moraes dá uma sentença contrária a essas mentiras. Diz a sentença aqui: ‘A postagem realizada pela representada Gleisi Hoffmann (que representa o PT), em 15 de outubro, agora, se descola da realidade por meio de inverdades, fazendo uso de recortes em encadeamentos inexistentes de falas gravemente descontextualizadas do representante Jair Bolsonaro, com o intuito de induzir o eleitorado negativamente. Tal contexto evidencia a divulgação de fato’.”

Lula, por outro lado, diz que o adversário dele tem 36 processos por fake news

“A imprensa publica fartamente que pelo menos seis ou sete mentiras por dia são contadas (por Bolsonaro). Brinca-se de contar mentira. Levanta de madrugada, tem vontade, vai e conta uma mentira, faz uma live e conta uma mentira, sabe? Levanta até uma hora da manhã para fazer live”, afirmou o petista.

Veja em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-63280658

Comente aqui