Em vídeos, a Repórter Brasil mostra depoimentos de vítimas do trabalho escravo, cometido por fornecedores das principais marcas do mundo. Em contraste, também dá voz às lideranças na luta por direitos e pela terra – e por um café justo
Por: Repórter Brasil | Texto: por Maurício Ayer | Imagem: Sérgio Carvalho/Inspeção do Trabalho. Imagem produzida durante operação que resgatou 34 pessoas de condições análogas à escravidão em fazenda de café em MG, em 2022
A Repórter Brasil, como parte da campanha Nossa Comida, Nosso Futuro, publica vídeos sobre os conflitos na cadeia produtiva do café no Sul de Minas Gerais, em especial, a grave questão da escravidão contemporânea. Como no caso que expôs a situação das vinícolas do Rio Grande do Sul no início deste ano, também na produção do café a hiper-exploração do trabalho não é uma exclusividade associada a uma economia atrasada e arcaica, muitas vezes está ligada a grandes empresas, integradas aos principais mercados do país e do exterior, com marcas e produtos encontrados nos grandes varejistas que todos nós frequentamos.
A campanha (cujo nome em inglês é Our Food, Our Future) é organizada pela União Europeia em parceria com a CIR (Iniciativa Cristã Romero) e busca lançar luz sobre as cadeias produtivas, sobretudo em suas etapas iniciais, que costumam ser as menos transparentes. O objetivo é que os consumidores – sejam as pessoas, as empresas ou os governos – possam conhecer a realidade que está por trás da comida e da bebida que consomem, e possam decidir pelos modos e relações de produção mais justos. A campanha dedica uma especial atenção aos/às jovens, vislumbrando neles e nelas os/as protagonistas de um futuro em que justiça social, ambiental e econômica sejam ingredientes obrigatórios nos pratos (e xícaras) de todos.
Os vídeos mostram por que uma campanha como esta é tão necessária. Entrevistado, Jorge Ferreira é uma liderança sindical da região, presidente da Adere-MG (Articulação dos Empregados Rurais do Estado de Minas Gerais). Ele afirma que praticamente todas grandes marcas globais de café são hoje “manchadas pelo sangue escravo”. Isso porque o café produzidos com trabalho escravo se mistura no mesmo pacote com o café produzido de maneira mais justa.
Outra questão abordada é o conflito de terras. A liderança do MST, Tuira Tule, fala das ocupações do Quilombo Campo Grande, na cidade de Campo do Meio, em Minas Gerais. A ocupação se formou nas terras de uma antiga usina de açúcar abandonada, e hoje tem mais de 400 famílias trabalhando e produzindo, muitas delas já com certificação orgânica. As terras entraram no radar de interesse de João Faria da Silva, o maior produtor individual de café do mundo, cuja fazenda faz limite com a área do Quilombo.
Veja em: https://outraspalavras.net/outrasmidias/escravidao-e-luta-pela-terra-nos-cafezais-de-minas/
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