Encontro organizado pela Fiocruz e MCTI convida a população a se aproximar da produção científica nacional. Coordenadora do evento defende: é preciso avançar muito mais – mas instituições não conseguirão sem ajuda dos governos
Por: Gabriel Brito | Entrevista com: Cristina Araripe | Créditos da foto: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
Tornada um símbolo da resistência à destruição bolsonarista durante a pandemia de covid, a Fiocruz mostrou-se instituição fundamental para a organização de um país capaz de enfrentar os imensos desafios do presente. Não à toa, sua presidente tornou-se ministra da Saúde de um governo que definiu “união e reconstrução” como mote. E, para tal esforço, aproximar a população brasileira da produção e do conhecimento científico volta a ser política de Estado.
Dessa forma, a 20ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia da Fiocruz (SNCT), que aconteceu entre 14 e 22 de outubro, a primeira realizada de forma totalmente presencial após a crise sanitária, se situa num novo contexto. Capaz de produzir a vacina contra a covid e fonte de informações seguras diante da onda de desinformação e negacionismo, a Fiocruz quer mais. É o que explicou Cristina Araripe, doutora em Ciências e História da Saúde que coordenou a realização do evento, ao Outra Saúde.
“Tivemos de nos confrontar com o fato de que a população em determinado momento reagiu de forma inesperada, com muito questionamento sobre os preceitos defendidos pela comunidade científica na pandemia. Mas isso também nos obrigou, enquanto uma instituição que faz ciência no país há mais de 120 anos, a nos preparar melhor. Não só em relação a promover vacinas, tratamentos, mas especialmente no que precisávamos falar com a população. Pensando nisso que, na edição de 2023, fomos para a rua, abrimos as nossas portas muito conscientes do nosso papel social, sobretudo nosso papel político”, explanou.
Na entrevista, Araripe mostrou satisfação em descrever como a instituição se legitimou diante da população, o que se refletiu numa SNCT mais inserida na sociedade, com eventos e mobilizações para além dos muros da instituição. E, como mostra o recém-criado Programa Nacional de Popularização da Ciência, a Fiocruz volta a ter um papel crucial na elaboração de políticas públicas – o que na verdade é um imperativo do nosso tempo, marcado por catástrofes climáticas cada vez mais frequente e intensas.
“Na saúde temos acompanhado de forma bastante apreensiva cada novo desafio colocado pela realidade, como essa excepcional estiagem na Amazônia, com questões ligadas à população, impacto na moradia, na vida cotidiana, até os rios secaram e muitas comunidades ficaram sem acesso a transporte, por ser fluvial. Vimos como estamos despreparados. A estiagem também nos levou a ver a morte, na região do Médio Solimões, de golfinhos, uma população que em algumas áreas está sendo completamente devastada do dia para a noite, assim como a morte de várias espécies e uma população sem acesso à água”, contextualizou.
Ou seja, apesar do alívio com a derrota do governo Bolsonaro, que se empenhava na destruição ambiental, não há tempo a perder. Estamos muito atrasados na execução de ações de reversão aos danos causados pelo ser humano a terra, com mau uso de recursos naturais e destruição de ecossistemas.
“Em termos mais amplos, eu diria que seguimos preocupados. Afinal de contas, as 169 metas estabelecidas na origem da agenda 2030 da ONU estão enfrentando enormes dificuldades. A área da saúde é bastante preocupante, sabemos que o esforço necessário para o alcance das metas está muito além da capacidade de intervenção das nossas instituições de Ciência & Tecnologia, pois grande parte dessas metas tem a ver com políticas públicas e governamentais”, criticou.
Além disso, não bastam as boas intenções e belos discursos. O fato é que ainda vivemos sob as razões do mercado e suas práticas voltadas à acumulação de riquezas, com uma agenda política voltada aos interesses oligárquicos mais insustentáveis. As ofensivas do agronegócio brasileiro e o controle do orçamento por atores do mercado financeiro são eloquentes a respeito de como ainda se negligencia o financiamento adequado de políticas ambientais e uma agenda de ciência, tecnologia e inovação à altura dos desafios.
“As instituições de ciência e pesquisa seguem vulneráveis à falta de recursos, seguimos atentos à necessidade de recompor o orçamento para Ciência & Tecnologia e contemplar a área de divulgação e popularização da ciência. A SNCT é um belíssimo exemplo, basicamente apoiada com recursos públicos do Ministério. Mas ainda é totalmente insuficiente para o Brasil. Fazer e popularizar ciência não é uma coisa barata. Ainda temos de investir muito, mas ao menos há um governo atento a essas expectativas e que oferece possibilidades de aumentar investimentos, dar mais atenção à educação, aos museus e centros de ciência, ainda concentrados em grandes cidades, enquanto as pequenas e médias seguem com pouco acesso”.
Leia a entrevista completa:
Qual a importância da 20a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia da Fiocruz no atual contexto brasileiro político, social e institucional do Brasil? Por que o tema deste ano foi “Ciências básicas para o desenvolvimento sustentável”?
Vinte anos atrás, o presidente Lula assinou o decreto que instituiu a Semana. É um decreto muito simples, no qual havia claro objetivo de estimular as instituições de ciência e tecnologia, seus pesquisadores, pelo menos em algum momento do ano, a propor e apresentar à sociedade o que estão fazendo. O evento evoluiu e suas atividades ficaram cada vez mais diversificadas. Se lá, 20 anos atrás, tivemos portas abertas na Fiocruz, este ano tivemos muitas atividades pensadas especialmente para essa semana, de celebração da ciência e tecnologia.
Como sempre aconteceu, coube ao Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI) apresentar o tema do ano, e foi escolhido Ciências Básicas para o Desenvolvimento Sustentável, um tema que a ONU já vinha propondo desde o ano passado. No nosso caso, especialmente da Fiocruz, é um tema que vemos com muito entusiasmo, porque grande parte da pesquisa das bancadas em seus laboratórios são básicas para a produção do conhecimento científico e tecnológico no país.
O que nos instigou a organizarmos essa vigésima edição, de alguma forma, se deu a partir das muitas pesquisas que realizamos ligadas às nossas coleções biológicas (a Fiocruz tem mais de 40 coleções biológicas). Tivemos a participação, é claro, das nossas unidades no Brasil inteiro, não só de Manguinhos.
A realização de um evento presencial, com inserção na rua, após a pandemia trouxe novos significados?
Destacaria o fato de que, mais do que nunca, valorizamos o diálogo com as populações de territórios vulnerabilizados. Isso tem ocorrido de alguns anos pra cá, mas este ano, onde nós voltamos 100% para um evento presencial, esse aspecto precisa ser ressaltado. Houve atividades dentro do espaço institucional, assim como em comunidades, em favelas, em escolas. No Rio de Janeiro, inclusive, estivemos na rua, na Praça Mauá, participando do Festival da Ciência, que foi organizado pela Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia.
Neste século 21, a Fiocruz vem se organizando cada vez mais e muito melhor em torno das nossas ações educativas e de divulgação científica. Claro que vivemos com muita preocupação nos anos da pandemia, durante três anos a nossa instituição teve um papel importante, desde o momento inicial da necessidade de isolamento, de fechar as escolas, o que gerou muito questionamento. A vida, de um modo geral, precisou se reorganizar nas cidades, em todos os espaços, e desde o início a Fiocruz participou desse debate público.
É algo que a gente tem muito orgulho de ter contribuído para o país, com o trabalho de comunicação pública da ciência, ao mesmo tempo em que observamos, pela questão das vacinas, especialmente contra a Covid, um movimento de negacionismo em relação à ciência como um todo, com ideias que questionavam a importância e a necessidade de vacinar toda a população. Mas a Fiocruz se fortaleceu e nesse processo fomos procurando entender cada vez melhor os motivos de tantas reações.
Acredita que a instituição tenha se tornado mais influente na formulação de políticas públicas, a exemplo do recém-lançado programa nacional de popularização da ciência, o Pop Ciência, anunciado na semana passada pelo MCTI, que visa inserir jovens de ensino médio na produção de conhecimento científico e também combater a desinformação?
Sim, até porque trabalhamos com popularização da ciência na Fiocruz há bastante tempo. Tivemos de nos confrontar com o fato de que a população em determinado momento reagiu de forma inesperada, com muito questionamento sobre os preceitos defendidos pela comunidade científica na pandemia. Mas isso também nos obrigou, enquanto uma instituição que faz ciência no país há mais de 120 anos, a nos preparar melhor, não só em relação a promover vacinas, tratamentos, mas especialmente no que precisávamos falar com a população. Pensando nisso que na edição de 2023 fomos para a rua, abrimos as nossas portas muito conscientes do nosso papel social, sobretudo nosso papel político.
É um trabalho que não se faz do dia pra noite, é preciso chegar até a população, preparar muito bem a mediação com o público. A SNCT tem uma característica muito especial, que são diferentes públicos, no plural, de todas as idades, inclusive entre os próprios cientistas. Comunicar ciência também para os cientistas é importante e temos buscado valorizar isso. É importante dialogar com os cientistas, os pesquisadores, os profissionais de um modo geral da área de saúde. Podemos partir do pressuposto de que saúde é ciência, mas não é tão evidente assim, torna-se necessário em momentos como esse organizar atividades para chegar até o agente comunitário de saúde, os agentes de endemias, enfim, todos os profissionais que constroem a saúde, que participam como trabalhadores dessa enorme construção que é o SUS.
Dentro disso sabemos ser preciso informar cada vez melhor a população e a qualidade dessa informação é algo também que nos preocupou bastante. Assim, discutimos também estratégias de comunicação, sobretudo diversificamos as nossas estratégias. Utilizamos muito e cada vez mais essas novas tecnologias, as redes sociais são importantes e através das redes sociais também a divulgação de podcasts, de vídeos, que são formas de chegar a diferentes públicos. Isso tem sido muito valorizado, sem ignorar as formas mais tradicionais e formatos como teatro, a música, os debates, as exposições.
Portanto, foi possível voltar com toda a força. Recebemos um público de todas as idades, enorme, muito maior do que nas edições anteriores, porque também articulamos esse movimento nacional de popularização da ciência. E ficamos orgulhosos de fazer parte desse movimento que está crescendo no país, o que foi simbolizado na criação do Programa Nacional de Popularização da Ciência.
Que contribuições acredita que esta edição apresentou para a produção de políticas públicas relacionadas?
Além da semana, a Fiocruz já participa de uma Olimpíada Brasileira de Saúde e Ambiente, temos inúmeras iniciativas, inclusive algumas revistas como a Radis e a Poli, de caráter jornalístico, mais amplas e não voltadas a públicos especializados. São formas de comunicar a ciência, fazer trabalho de comunicação em saúde.
Desde 2020 há uma política de divulgação científica, com várias diretrizes para fortalecer a popularização da ciência. Não é só a divulgação científica no sentido mais clássico da difusão do conhecimento, através de sites de periódicos, mas também esse lado que é destacado durante a semana, de ir para a rua e conversar com a sociedade sobre o que fazem os cientistas em suas instituições, em seus laboratórios, quais são as pesquisas que nós realizamos.
Para isso, também nos preparamos para utilizar uma linguagem adequada, seja com criança, seja o público adulto, assim como em contextos distintos, como o teatro, jornais, revistas, redes sociais. O diálogo com a sociedade é o que norteia o fortalecimento de todo o trabalho e para isso devemos pensar em métodos adequados.
Outro ponto muito presente no evento foram os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável para 2030, agenda global criada pela ONU na década passada, com múltiplos temas. Como observa a atitude do Brasil e suas instituições quanto a esta agenda?
Não há dúvida de que a escolha do tema Ciência Básica Para o Desenvolvimento Sustentável passava também por ver a cena principal, a exemplo da agenda 2030, trabalho que a Fiocruz realiza desde o início de 2015, quando estabeleceu um conjunto de estratégias pra discutir os diferentes Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.
Em termos mais amplos, eu diria que seguimos preocupados, afinal de contas as 169 metas estabelecidas na origem da agenda estão enfrentando enormes dificuldades. Na área da saúde é bastante preocupante, sabemos que o esforço necessário para o alcance das metas está muito além da capacidade de intervenção das nossas instituições de ciência e tecnologia, pois grande parte dessas metas tem a ver com políticas públicas e governamentais.
Infelizmente, nos últimos anos, apesar das mudanças marcadas pelo início deste novo governo, vivemos uma falta total de compromisso com essa agenda e os 17 ODS, a exemplo da questão do saneamento, do acesso à água, sua qualidade etc. Assim, vivemos um momento desafiador, com a mudança que está sendo colocada, a questão do aquecimento global e das mudanças climáticas que estão trazendo para várias regiões do Brasil diferentes problemas.
Na saúde temos acompanhado de forma bastante apreensiva cada novo desafio colocado pela realidade, como essa excepcional estiagem na Amazônia, com questões ligadas à população, impacto na moradia, na vida cotidiana, até os rios secaram e muitas comunidades ficaram sem acesso a transporte, por ser fluvial. Vimos, basicamente, como estamos despreparados. A estiagem também nos levou a ver a morte, na região do Médio Solimões, de golfinhos, uma população que em algumas áreas está sendo completamente devastada do dia para a noite, assim como a morte de várias espécies e uma população sem acesso à água.
A Amazônia protagonizou talvez a primeira grande ação do governo, através do ministério da Saúde, na missão de resgate da área Yanomami, confrontada uma crise enorme de acesso ao próprio Sistema Único de Saúde, mas sobretudo também com a contaminação por mercúrio nos rios. E esta área está longe de ser a única atingida pelo garimpo irregular e seus altos índices de contaminação do solo e das águas.
Por isso que nosso trabalho, como tentamos realizar através da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, inclui informar, fazer com que a população saiba de esforços feitos. E do ponto de vista do acompanhamento da questão da saúde global, é continuar monitorando o que está acontecendo no Brasil e no mundo, aprender e tentar trazer algumas experiências para o nosso país, como na Educação, onde estamos mais alinhados à agenda da Unesco, principalmente na questão da educação para o desenvolvimento sustentável e educação ambiental, onde devemos avançar mais, inclusive como elemento curricular. Nesse sentido, a Fiocruz está organizando um curso para professores da educação básica a partir de tal temática, para que eles possam se atualizar e compreender melhor o impacto das questões ambientais no Brasil e no mundo.
A SNCT nos ajudou bastante e deu a oportunidade de levar o debate para vários espaços de interação com o público, inclusive nas escolas. Foram mais de 400 profissionais da Fiocruz envolvidos, até nossos alunos de pós-graduação, para que em Manaus, Porto Velho, Curitiba, estados do Nordeste, pudéssemos fazer esse trabalho de levar para a sociedade brasileira um pouco dessas ideias e prestar contas do que fazemos.
É um trabalho que está dentro da nossa política de divulgação científica. Cada vez que organizamos uma ação, numa escola, praça pública, museu de ciência ou mesmo dentro da nossa própria instituição, uma sala de aula ou num laboratório, mobilizamos uma discussão pensando quão importante é estar bem informado e socializar melhor as informações, mostrar para todo mundo, inclusive os pesquisadores, a importância de estarmos próximos da população, para que ela se sensibilize com questões como a agenda 2030, trabalho que ONU realiza com apoio de um conjunto enorme de atores sociais e institucionais.
Nesse sentido todo, estamos falando de tempos da própria Terra que se aceleram e nos colocam diante de desafios de envergadura inédita. Ao mesmo tempo, temos um governo que retirou o Estado brasileiro de um poço de negacionismo e cegueira absoluta a tudo que fosse científico, e que na prática retomou condições mínimas de fortalecimento das políticas públicas. A recuperação de orçamentos dos ministérios da Saúde e da Ciência, Tecnologia e Inovação exemplificam. No entanto, não há uma mudança real nas lógicas de reprodução da vida, como no caso do modelo econômico, de consumo etc. Ministérios como do Meio Ambiente ainda são secundários na elaboração e execução de políticas de Estado. Fica uma impressão de que, apesar de toda a boa vontade, estamos completamente alienados da envergadura das tarefas deste momento histórico.
Com certeza. Fazemos o trabalho de reconstrução na área de divulgação e popularização da ciência, pois temos clara noção de que no governo anterior houve uma diminuição gigantesca do volume de recursos, uma descontinuidade do financiamento de várias instituições, além da pandemia. A própria Fiocruz investiu muito, mas parte desses recursos foram por mobilização de outros atores institucionais que sabiam da importância da pesquisa e desenvolvimento de vacina.
Mas infelizmente é fato que o Ministério da Ciência e Tecnologia teve muita dificuldade para financiamento da pesquisa, da pesquisa básica, e ainda por cima, se pensarmos na questão de inovação, foi bem difícil, especialmente para as instituições públicas, startups e outros gêneros semelhantes. As instituições de ciência e pesquisa seguem vulneráveis à falta de recursos, seguimos atentos à necessidade de recompor o orçamento para ciência e tecnologia e contemplar a área de divulgação e popularização da ciência. A SNCT é um belíssimo exemplo, basicamente apoiada com recursos públicos do ministério. Mas ainda é totalmente insuficiente para o Brasil.
Fazer e popularizar ciência não é uma coisa barata. Ainda temos de investir muito, mas ao menos há um governo atento a essas expectativas e que oferece possibilidades de aumentar investimentos, dar mais atenção à educação, aos museus e centros de ciência, ainda concentrados em grandes cidades, enquanto as pequenas e médias seguem com pouco acesso. Mesmo no Rio, fizemos um esforço de deslocamento através do Ciência Móvel, indo até Baixada Fluminense, São Gonçalo… São coisas que exigem recursos e estratégias, pois falo de áreas com muito pouco acesso à divulgação científica. Imagine isso pelo interior do país, regiões fora do Sudeste, do Rio, de São Paulo…
Na Saúde, temos uma ministra que acabou de ser presidente da Fiocruz. Como sintetizar a importância de Nísia Trindade na Saúde após a tragédia da pandemia?
Merece muito destaque seu papel à frente do Ministério da Saúde por ser alguém que trabalha com pesquisa em saúde. Ela é uma pesquisadora de ciências humanas e sociais, isso também é muito importante. Enquanto pesquisadora e gestora na Fiocruz foi uma das pessoas que ao longo de toda sua trajetória apoiou muito todas as iniciativas voltadas à educação e divulgação científica.
Como ministra, e em relação à divulgação científica e ao Pop Ciência, está realizando um conjunto de ações voltadas a fazer face ao negacionismo e à desinformação. Se observarmos todo o seu trabalho, vemos como ela valoriza a educação, a formação de jovens, desde o quadro técnico até depois da graduação, no preparo de futuros pesquisadores. Ela tem demonstrado uma enorme sensibilidade, não apenas em termos de SUS, que é gigantesco e implica uma grande diversidade de profissionais, mas também na preocupação com a questão da equidade de gênero e raça.
Ficamos animados em ver o compromisso da Nísia com tais questões, o que se coloca de acordo com o que conhecemos antes na Fiocruz, onde exerceu papel semelhante, criou o programa Mulheres e Meninas na Ciência, apoiado em três eixos: pesquisa, visibilidade e valorização das mulheres cientistas. Não se trata só da valorização das mulheres e da diversidade, mas também de incentivo a jovens seguirem carreiras na área da saúde ou das ciências da saúde. Isso é extremamente importante e vemos o esforço que ela vem realizando com toda a sua equipe do Ministério, também muito comprometida com a questão da equidade de gênero e raça.
O próprio esforço de popularização da ciência é demonstrativo. É uma área onde as mulheres já são maioria, mas se pensarmos em termos de gestores e principalmente nos altos escalões das carreiras, bolsas, reconhecimento, vemos mais homens. Na presidência da Fiocruz, Nísia entendeu isso muito bem e busca construir propostas e projetos que permitam mudar tal realidade, o que também começa a se refletir em suas propostas para o SUS.
Precisamos continuar trabalhando pra ter mais e mais cientistas comprometidos com a saúde pública e nesse processo também envolver mais mulheres. Nísia sintetiza tudo isso, enquanto pesquisadora, cientista social e agora ministra da Saúde.
Veja em: https://outraspalavras.net/outrasaude/popularizar-a-ciencia-para-evitar-o-colapso-da-terra/
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