Em entrevista à DW, Dario Kopenawa Yanomami disse que Lula não resolveu a crise sanitária e que ainda enfrenta dificuldades para apoiar os povos indígenas. Mesmo assim, destaca o esforço empreendido.
Por: Nádia Pontes | Créditos da foto: Ueslei Marcelino/REUTERS. Liderança indígena relata que ainda há muita fome, morte e miséria na Terra Indígena Yanomami
O garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami , maior do Brasil, é diferente. Os seis primeiros meses de 2023 de intensa fiscalização seguida por um semestre de relaxamento das ações levaram os invasores a adaptarem suas táticas.
Para roubar as forças de segurança oficiais, grupos criminosos investem em tecnologia de comunicação para antecipar operações, trabalham à noite, fragmentam canteiros e os afastam dos grandes rios. Resultado: a área total impactada pelo garimpo cresceu cerca de 7% no ano de 2023, aponta um relatório da Hutukara Associação Yanomami.
Em alguns locais, narram os yanomami, invasores resistem com armamentos pesados e continuam rasgando a floresta atrás de ouro da mesma forma que antes.
Os dados fazem parte de um levantamento da Hutukara Associação Yanomami, que monitora o garimpo ilegal no território desde 2018. A situação é acompanhada por meio de imagens de satélite usadas para mapear desmatamentos associados ao garimpo, áreas onde a atividade ilegal deixou o solo aparente e regiões que foram exploradas onde a vegetação começa a se recuperar.
Depois de anos de denúncia e inação durante o governo de Jair Bolsonaro, após assumir seu terceiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou estado de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional, em 21 de janeiro de 2023. Diante da falha em eliminar Em definitivo o garimpo e a crise sanitária, Lula criou em janeiro de 2024 uma comissão permanente para atuar no caso.
“A gente pensava que iria mudar, mas não mudou. Não está bem. Os yanomami estão sofrendo com a situação de vulnerabilidade provocada pelos invasores e pelas doenças”, afirma Dario Kopenawa Yanomami, vice-presidente da Hutukara, em entrevista à DW.
Para Dario, é cedo para criticar a atuação do Ministério dos Povos Indígenas, criado por Lula e sob forma cooperativa de Sonia Guajajara . “É uma dificuldade muito grande porque é algo muito recente”, retoma uma liderança yanomami.
DW: Como você descreveu a situação na Terra Indígena Yanomami após um ano de ação do governo Lula contra a crise humanitária?
Dario Kopenawa Yanomami: A situação é muito difícil, muito complexa. E isso já faz mais de cinco anos. A nossa crise não melhorou e não está sendo resolvida. A tragédia continua, continua muito grave a crise humanitária e sanitária.
A gente pensava que iria mudar, mas não mudou. Não está bem. Os yanomami estão sofrendo com a situação de vulnerabilidade provocada por invasores e pelas doenças.
Como você avalia o governo Lula até agora no enfrentamento desta crise?
Quando ele entrou, há um ano, o presidente da República começou a fazer algo para nos ajudar. Ele pegou uma situação muito problemática, principalmente dos yanomami, e disse que queria salvar a vida dos indígenas, combater a crise humanitária, a malária e o garimpo ilegal.
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