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Sob a sombra da violência na Amazônia

Em meio ao desmatamento e conflitos por terra, uma pequena agricultora sofre as consequências de denunciar os crimes na região de Novo Progresso, no Pará. Seu filho teve de fugir para escapar das ameaças de morte.

Maria Márcia Elpidia de Melo, líder de um assentamento de agricultores no estado do Pará, denunciou publicamente a apropriação ilegal de terras. Ela não vê seu filho único, Elmiro, há mais de seis meses: em 2019, o jovem de 20 anos foi espancado e recebeu ameaças de morte de agressores desconhecidos. Por isso, ela insistiu para que ele deixasse a região.

A mãe solteira de 42 anos vive no assentamento Terra Nossa desde 2006, numa casa térrea de tijolos. Uma luz sarapintada entra pela janela, enquanto ela se debruça sobre a mesa da cozinha, ao reconhecer que seu trabalho colocou sua vida em perigo. A agricultora e presidente da Associação de Produtores Rurais Nova Vitória acabou se envolvendo cada vez mais em disputas por terras.

“O que não posso aceitar é que matem meu filho”, diz, com os olhos marejados. “Por enquanto ele está seguro, mas eu não vou visitá-lo porque tenho medo que alguém vá me seguir.” Antes de deixar a região, Elmiro ajudava a mãe.

Segundo a Comissão Pastoral da Terra, que monitora a violência no campo, três moradores do vilarejo foram assassinados em 2018. Desde então, 16 habitantes na região receberam ameaças de morte em razão de conflitos de terra.

Grilagem e ameaças

Em 2019, Maria Márcia relatou diversos incêndios criminosos e atividades ilegais de extração à polícia de Novo Progresso. Ela conta que, em três ocasiões, homens envolvidos com a exploração ilegal de madeira lhe disseram para parar de reclamar, ou enfrentar a morte. A polícia se negou a comentar as ameaças.

Terra Nossa, um assentamento de 350 famílias cercado pela floresta e acessível apenas por uma estrada de terra, está no centro do desmatamento na Amazônia. O município de Novo Progresso, nas proximidades, ganhou as manchetes internacionais em agosto de 2019, quando enormes incêndios florestais atingiram a região. A prática anual das queimadas vem sendo levada ao extremo pelos grileiros.

Em apenas um dia, 203 incêndios foram registrados em Novo Progresso pelas autoridades. Na maioria dos casos, as queimadas foram coordenadas por um grande grupo, composto majoritariamente de fazendeiros, que busca eliminar áreas de floresta para então requerê-las para si.

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