Rosa Luxemburgo foi morta neste dia em 1919. Lembramos de suas contribuições ao socialismo, pois, sempre que a esquerda está em crise, ela volta à cena.
Por Isabel Loureiro
Todas as vezes que a extrema direita ganha força, seja em aliança com a direita tradicional, seja com o militarismo (ou com ambos), os revolucionários se juntam para compreender o fenômeno e traçar um caminho à esquerda. Neste momento, os olhares se voltam para Rosa Luxemburgo. O que essa revolucionária e jornalista polonesa – a mais importante teórica marxista da geração depois de Marx – ainda tem a nos dizer?
Rosa Luxemburgo nasceu em 1871 em Zamość, pequena cidade da Polônia ocupada pela Rússia. Começou sua militância ainda no colégio, em Varsóvia, e emigrou para Zurique em 1889 a fim de cursar a universidade. Foi aí que Luxemburgo passou a estudar as teorias de Marx. Sua tese de doutorado em economia política foi sobre o desenvolvimento industrial da Polônia. Desde então, seu envolvimento político foi intenso. Luxemburgo ajudou a fundar a Social-Democracia do Reino da Polônia (SDKP), rebatizada em 1900 de Social-Democracia do Reino da Polônia e Lituânia (SDKPiL), à qual esteve ligada a vida inteira. Em 1898, quando se mudou para Berlim, tornou-se militante do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD), onde fez sua carreira como teórica marxista, jornalista e professora da escola que formava quadros do partido.
Em 1906, ela participou da primeira Revolução Russa. Foi uma experiência fundamental também para desenvolver seu pensamento, já que reforçou a ideia da importância da autonomia das massas populares nas grandes transformações históricas. Luxemburgo se opôs, em 1914, à Grande Guerra e passou a integrar o grupo de esquerda radical no SPD, conhecido mais tarde como Liga Spartakus (Spartakusbund, em alemão). Ela passou a guerra na prisão, de onde saiu em novembro de 1918, libertada pela revolução que depôs o imperador, e depois se tornou cofundadora do Partido Comunista da Alemanha (KPD).
Como muitos revolucionários, seu fim foi trágico. Luxemburgo participou ativamente da Revolução Alemã e foi assassinada em 1919, junto com Karl Liebknecht, durante o episódio conhecido como “Insurreição de Janeiro”, por membros de milícias paramilitares, as Freikorps, precursoras das milícias nazistas. Apesar da distância temporal, Luxemburgo não é uma figura para ser lembrada apenas no passado. Seu pensamento se aplica bem a períodos de transição, de crise e de catástrofes, cuja maior responsabilidade cabe à voracidade acumulativa do capitalismo, independentemente de máscaras políticas.
Não por acaso, Luxemburgo adotou o lema “socialismo ou barbárie”. Ela percebeu que a mundialização do capital do começo do século 20 estava conectada com o militarismo e a guerra. O entrelaçamento desses fatores é analisado por ela de maneira perspicaz em muitos de seus escritos, sobretudo na sua obra magna de economia política, A acumulação do capital (1913). Horrorizada com a violência desencadeada a partir de agosto de 1914, Luxemburgo identificava a barbárie com a guerra mundial. Para nós do século 21, barbárie é sinônimo de capitalismo mundializado, uma guerra de todos contra todos e contra tudo: trabalho, natureza, populações tradicionais, antigos modos de vida comunitários. Cem anos depois, uma lista interminável compõe a barbárie.
Saiba mais em: https://jacobin.com.br/2020/01/socialismo-ou-barbarie/
Comente aqui