Ao jornalista Luis Nassif, o ex-ministro Fernando Haddad defendeu que Educação não é um investimento que dá resultados no curto prazo. Assista
Por Jornal GGN
Jornal GGN – O ex-ministro da Educação Fernando Haddad (PT) afirmou, em entrevista exclusiva ao GGN, nesta quinta (23) que a reforma tributária que Paulo Guedes pretende emplacar no Congresso contém dispositivos que vão impactar no ensino superior, gerando aumento de mensalidade nas universidades privadas e colocando o programa Prouni em risco.
Segundo Haddad, “a reforma tributária que o Guedes quer mandar para o Congresso vai arrebentar o sistema particular [de ensino superior], inclusive o Prouni. Ele faz uma manobra de PIS/Cofins que não excepcionaliza o Prouni e a educação superior. Com isso, ou vai aumentar a mensalidade para o aluno, provavelmente vamos ter mais evasão, e vai afetar o Prouni. É uma reforma errada do ponto de vista do ensino superior.”
Ao jornalista Luis Nassif, Haddad defendeu que a Educação não é um investimento que dá resultados no curto prazo. “Passamos um século de sub-investimentos. Começamos a investir um pouco melhor depois da Constituição de 1988 e no governo Lula. Tivemos dois picos. O governo Lula multiplicou por 5 o orçamento do Ministério da Educação. Quando assumi, o orçamento era da ordem de 20 bilhões de reais. Quando saí, era de 100 bilhões. Essa é a ordem de grandeza. Você não compra qualidade da Educação à vista. É obvio que Educação leva tempo para você conquistar.”
Para Haddad, os governos petistas acumularam conquistas na Educação, mas uma “revolução” ficou faltando: a fusão do ensino médio com o Sistema S, que esbarrou nos interesses do empresariado.
“Nosso nó hoje é o ensino médio. Nós tínhamos uma proposta no governo Lula que por muita resistência corporativa, ela caminhou parcialmente, que era a integração do Sistema S ao ensino médio. Teríamos ensino médio de tempo integral, profissionalizante, para os dois terços de brasileiro que não chegam à Universidade.”
Por reação negativa de instituições como a Fiesp e a CNI, o projeto não sair totalmente do papel. Na visão de Haddad, “usam o Sistema S de trampolim para a política, e usam o dinheiro sem transparência. (…) Estava previsto no meu plano de governo em 2018 a integração do ensino médio com o Sistema S. Essa é a revolução que ainda falta fazer na Educação para a gente ver os indicadores do Pisa crescerem ainda mais. Desde 2012, nós estagnamos no Pisa (Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes).”
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