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Por um programa de salvação nacional

O quadro dramático de nossa profunda tragédia social e econômica corre o risco de ser “naturalizado” por parte das forças políticas que fazem oposição ao governo Bolsonaro.

Por Paulo Kliass / Créditos da foto: Ricardo Moraes/Reuters

O quadro dramático de nossa profunda tragédia social e econômica corre o risco de ser “naturalizado” por parte das forças políticas que fazem oposição ao governo Bolsonaro. Percebe-se uma insistência inexplicável em priorizar suas energias e atenções para o complexo processo de composição das chapas para o pleito municipal do final do ano, em detrimento de travar a luta ampla e cotidiana contra os efeitos da pandemia e a criminosa conduta da equipe do capitão também nesse quesito.

Passam-se os dias, as semanas, os meses e parece que todos ficamos anestesiados frente ao terremoto, na expectativa de qual será o número de mortos a ser oficialmente anunciado a cada instante. A permanência de um general na condição de ministro substituto da saúde se combina à insistência do presidente em fazer propaganda enganosa da cloroquina. Enquanto isso a marca dos 100 mil óbitos foi superada em agosto, período que é considerado pelos fatalistas como sendo o mês de cachorro louco.

Ocorre que não basta apenas denunciar as mazelas proporcionadas pelas ações e inações do governo do capitão. Para além de todos os problemas associados à pandemia, o fato concreto é que o desemprego atinge níveis alarmantes, em espiral de alta há muito tempo. A generalização da miséria da população avança a ritmo galopante A recessão das atividades econômicas (herdada ainda da intenção austericida de Guedes e de seus antecessores) se vê potencializada pelas necessidades impostas pelo próprio confinamento e pelas medidas de isolamento essenciais para combater a covid 19.

Romper com a austeridade e elevar as despesas públicas.

A esse conjunto de dificuldades vem se somar negativamente a obsessão do superministro com a austeridade fiscal e sua sandice monotônica em apenas cortar, cortar e cortar as despesas governamentais. Assim, as necessárias políticas públicas de atenuação dos efeitos desastrosos do pandemônio não conseguem nunca se viabilizar. A mentira repetida ad nauseam do “não temos recursos” tampouco resiste à liberação instantânea de mais de um trilhão de reais quando se tratava de facilitar a vida dos bancos e demais instituições financeiras. Já a concessão de valores para o mais-do-que-urgente auxílio emergencial de R$ 600 termina sempre por ser adiada a cada novo prazo mais uma vez não cumprido.

Para além da denúncia, cabe às forças de oposição e progressistas apresentar um Programa de Salvação Nacional, ou seja, uma alternativa a essa loucura que vem sendo implementada por Guedes em nome do governo. É preciso deixar claro para a maioria da população que dá para ser diferente. É fundamental que o povo brasileiro seja informado de que é possível conduzir o País de maneira diversa. A difusão de um conjunto de soluções na esfera do econômico e do social pode operar como elemento catalisador desse evidente descontentamento amplo e generalizado, mas ainda bastante difuso na base da sociedade.

Aqui e ali começam a pipocar alternativas nesse sentido. O PT lançou há quase um ano seu Plano Emergencial de Emprego e Renda., mas o debate pouco avançou. O PSOL lançou em abril deste ano seu Plano de Manutenção de Emprego e Renda. Essa semana foi a vez do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), que propôs a formação de um Pacto Nacional pelo Emprego. Guardadas algumas diferenças pontuais entre eles, o que se tem é uma compreensão comum a respeito das medidas emergenciais a serem adotados no âmbito do Estado brasileiro.

Saiba mais em: https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia-Politica/Por-um-programa-de-salvacao-nacional/7/48417

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