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Coronavírus: por que países da África podem esperar meses para iniciar vacinação contra a covid-19

A África terá que esperar “semanas, senão meses” antes de receber as vacinas contra a covid-19 aprovadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), de acordo com vários funcionários que trabalham para obter doses para o continente.

Anne Soy

Quase 900 milhões de doses foram garantidas até agora por meio de várias iniciativas, o suficiente para inocular cerca de 30% dos 1,3 bilhão de pessoas que vivem no continente neste ano.

O acúmulo de pedidos de países ricos, déficits de financiamento, regulamentações e desafios logísticos, como cadeias de frio, retardaram o processo de distribuição das vacinas. “O mundo está à beira de um fracasso moral catastrófico e o preço será pago com vidas e meios de subsistência nos países mais pobres”, advertiu o chefe da OMS, Tedros Ghebreyesus Adhanom.

A pressão por maior equidade têm crescido. Quase 40 milhões de doses foram administradas em pelo menos 49 países de renda mais alta, em comparação com apenas 25 doses administradas em apenas um dos países de renda mais baixa, de acordo com Adhanom. “Não 25 milhões, não 25 mil, apenas 25”, disse ele, sem dizer a que país se referia.

Até agora, nenhuma das principais vacinas ocidentais chegou à África, quase dois meses depois que as primeiras doses foram administradas na Europa. E os pouquíssimos países do continente que aplicam doses atualmente utilizam vacinas que não foram aprovadas por nenhum orgão ocidental ou entidade multilateral, como a OMS.

Uma coalizão de organizações e ativistas apelidada de The People’s Vaccine Alliance descobriu que “as nações ricas que representam apenas 14% da população mundial compraram mais da metade (53%) de todas as vacinas mais promissoras”. Isso incluiu todas as vacinas da Moderna para 2021 e 96% da produção esperada da Pfizer.

O Canadá liderou a lista, de acordo com os dados da empresa de análises Airfinity, “com doses suficientes para vacinar cada canadense cinco vezes”. Grande parte dessa demanda deve ser atendida antes que os países de renda mais baixa tenham alguma chance.

Centenas de ativistas anti-Aids da Aids Therapeutic Treatment Now (ATTN) marcham para protestar contra a inacção do governo sul-africano em fornecer medicamentos antirretrovirais a pessoas infectadas com o vírus HIV, 3 de Agosto de 2003 em Durban.
Legenda da foto,Uma campanha combinada resultou na disponibilização de medicamentos contra a Aids acessíveis na África

Saiba mais em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-55811435

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