Clipping

A Alemanha poderia ser julgada por ecocídio?

Na produção para TV “Ecocídio”, o premiado diretor Andres Veiel mistura ficção e realidade ao colocar a Alemanha no banco dos réus em 2034 por políticas destrutivas para o clima.

Em 2019, a Suprema Corte da Holanda se tornou o primeiro tribunal nacional de nível superior a estabelecer o dever legal de um governo de prevenir as mudanças climáticas no contexto de suas obrigações com os direitos humanos. Foi uma decisão histórica.

Ao lado do caso holandês, inicialmente aberto em 2013, existem hoje em dia centenas de processos semelhantes de justiça climática em andamento no mundo todo.

Mais recentemente, jovens ativistas de Portugal entraram com uma ação junto ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos, em Estrasburgo, para que 33 nações industrializadas sejam responsabilizadas por não reduzirem as emissões que causam as mudanças climáticas.

Os atores Edgar Selge, Friederike Becht, Nina Kunzendorf e Ulrich Tukur em imagem do filme Ecocídio, de Andres Veiel.

No longa alemão, tema deve ser decidido pelo Tribunal Internacional de Justiça

Agora, uma nova produção para a TV alemã resolveu levar um processo judicial semelhante para o mundo da ficção. Em Ökozid (Ecocídio), que se passa em 2034, uma coalizão de 31 países do Hemisfério Sul está processando a República Federal da Alemanha. E o Tribunal Internacional de Justiça deve determinar se o Estado alemão violou sua obrigação de proteger o direito à vida de todos os seres humanos ao deixar de agir contra as mudanças climáticas.

Política de proteção climática alemã no banco dos réus

É com tal enredo fictício que o diretor Andres Veiel investiga as políticas ambientais alemãs de 1998 a 2020. Para o projeto, iniciado em reação ao verão alemão preocupantemente quente de 2018, Veiel e sua equipe realizaram uma pesquisa muito detalhada sobre a política de proteção climática da Alemanha, conta ele à DW.

O cineasta é conhecido na Alemanha por seus projetos envolvendo pesquisas aprofundadas. Com seu documentário Black Box BRD (2001), por exemplo, Veiel retratou os contrastes entre as vidas e as mortes de um presidente do Deutsche Bank, morto por um carro-bomba em 1989, e o principal suspeito pelo ataque, um membro do grupo terrorista de extrema esquerda Fração do Exército Vermelho (RAF, na sigla em alemão).

O cineasta Andres Veiel.

O diretor Andres Veiel queria explorar até onde os tribunais podem recorrer para alcançar a justiça climática

Já em Beuys, um documentário de 2017 sobre o artista Joseph Beuys, o diretor trabalhou na edição de centenas de horas de imagens de arquivo e mais de 20 mil fotografias.

Para o novo projeto para a TV, rapidamente ficou claro que um enquadramento ficcional seria mais apropriado do que tentar “competir com a BBC com outro documentário sobre o clima”, disse Veiel, acrescentando que sua intenção era ir mais longe e explorar a questão: até onde os tribunais podem recorrer para alcançar a justiça climática?

Saiba mais em: https://www.dw.com/pt-br/a-alemanha-poderia-ser-julgada-por-ecoc%C3%ADdio/a-55621048

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