Chico Mendes, seringueiro, militante ambiental e sindicalista, foi covardemente assassinado neste dia em 1988. Inspirado pela revolução sandinista, ele sonhava com a revolução socialista internacional e organizou a luta da classe trabalhadora da floresta contra a ganância dos latifundiários, que queriam transformar o rico bioma amazônico em pasto.
Por Gomercindo Rodrigues
Francisco Alves Mendes Filho, mais conhecido como Chico Mendes, nasceu em 1944 em Xapuri no Acre, mesma cidade onde ele foi assassinado há exatos 32 anos. Na Amazônia, que ele tanto amou e pela qual lutou até o fim, o legado de Chico é incontornável, mas um fato frequentemente ignorado pela grande mídia, de maneira certamente proposital, é de que ele era um militante socialista organizado e ativo, que apresentou ao mundo a questão do trabalho dos povos da floresta como sujeitos históricos.
A luta dos seringueiros, os operários que extraíam a matéria-prima para a borracha na floresta amazônica, unia ao mesmo tempo a demanda contra a exploração do trabalho à luta pela terra e pelo manejo sustentável do bioma. Na sua oposição, os grileiros e latifundiários, que avançavam contra a floresta para transformá-la em pasto ou mesmo para manter os seringueiros em condição de quase escravidão, impedindo-os de se organizar coletivamente e colher os frutos do seu trabalho.
Chico Mendes trouxe uma enorme contribuição para a luta social no Brasil e no mundo, desafiando concepções “desenvolvimentistas”, que volta e meia atormentam a própria esquerda, e que muitas vezes qualificam os povos da floresta como um elemento “atrasado” que necessita ser superado pelo “progresso” — desconsiderando a enorme atualidade e potência criadora desses sujeitos.
Militante, Chico foi fundamental para a criação do Sindicato dos Trabalhadores de Xapuri, chegou a ser eleito vereador pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e já em maio de 1980, poucos meses depois da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT), ele se filiou à agremiação, sendo o primeiro vereador do partido no Acre.
O assassinato covarde que ceifou a vida de Chico o eternizou junto com a sua luta. Para lembrar esse dia, a Jacobin Brasil convidou Gomercindo Rodrigues, amigo pessoal de Chico Mendes que militou com ele em Xapuri, para escrever um breve relato sobre seu legado e os dias que antecederam sua morte.
Hugo Albuquerque
Saiba mais em: https://jacobin.com.br/2020/12/a-eternidade-de-um-ecossocialista-sem-medo/
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