Uma gigante sul-coreana produtora de óleo de palma, extraído de árvores conhecidas popularmente no Brasil como dendezeiros, tem comprado trechos das maiores florestas tropicais remanescentes da Ásia. E uma investigação aponta que queimadas foram deliberadamente provocadas pela empresa nessas áreas.
Ayomi Amindoni e Rebecca Henschke
Petrus Kinggo caminha pela densa floresta tropical na Boven Digoel Regency, na região de Papua, na Indonésia. “Este é o nosso minimercado”, diz ele, sorrindo. “Mas, ao contrário da cidade, aqui a comida e os medicamentos são gratuitos.”
Kinggo é um ancião da tribo Mandobo. Seus ancestrais viveram nessas florestas por séculos. Junto com a pesca e a caça, o amido do sagu extraído das palmeiras que crescem na natureza fornecia à comunidade seu alimento fundamental.
Sua casa está em um dos lugares com maior biodiversidade do planeta, e a floresta tropical é sagrada e essencial para as tribos indígenas.
Seis anos atrás, Kinggo foi abordado por uma gigante sul-coreana de óleo de palma, a Korindo, que lhe pediu ajuda para persuadir sua tribo e outros dez clãs a aceitarem apenas 100 mil rupias (cerca de R$ 40) por hectare em compensação por suas terras.
A empresa chegou com licenças do governo e queria uma “transação rápida” com os proprietários indígenas, segundo Kinggo. E a promessa de desenvolvimento foi associada a uma intimidação sutil, diz ele.
“Militares e policiais vieram à minha casa, dizendo que eu tinha que me encontrar com a empresa. Eles disseram que não sabiam o que aconteceria comigo se eu não o fizesse.”
Quando o fez, eles também lhe fizeram promessas pessoais, afirma. Como coordenador, receberia uma nova casa com água limpa e um gerador e teria as mensalidades escolares dos filhos todas pagas.
Sua decisão mudaria sua comunidade para sempre.
Saiba mais em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-54920499
Comente aqui