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Bertolucci e a morte de uma classe

O ilustre cineasta marxista italiano Bernardo Bertolucci morreu aos 77 anos de idade. Seus filmes exploraram a morte da burguesia e seu legado aponta para a morte do autor masculino chauvinista.

Por Luca Peretti – Tradução José Carlos Ruy

Bernardo Bertolucci foi o último dos mestres do cinema italiano, parte de um grupo intergeracional de diretores que estreou entre o fim da Segunda Guerra Mundial e o boom econômico da Itália, no início dos anos 60. Em cinco décadas, Bertolucci teceu uma complexa ligação entre o local (particularmente Parma, onde ele nasceu e Roma) e o global e transnacional. Ele fez filmes em diferentes continentes, desde produções de baixo orçamento a Hollywood, tendo enorme sucesso de público e de crítica.

Mas Bertolucci não era um mero observador e narrador da história que se desenrolava na Itália, ou mesmo no passado do país. Em vez disso, numa época em que os filmes tinham muita importância, ele mesmo influenciou a história, quer “antecipando” 1968 (com o filme “Antes da Revolução”, de 1964); ou analisando consequências de um mundo cada vez mais dependente do petróleo (“La via del petrolio”, 1965), ou lidando com o legado complexo e não resolvido do fascismo na Itália (“The Conformist” e “The Spider’s Stratagem”, ambos de 1970).

Próximo dos movimentos da esquerda da década de 1960 e, depois de 1968, como membro do Partido Comunista Italiano (PCI), Bertolucci não pode ser definido como um diretor militante. Com algumas exceções, ele não fez filmes sobre política. Com o seu falecimento, podemos começar a avaliar com maior distância crítica uma certa tendência de fazer, assistir e entender o próprio cinema.

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