Percussionista do Ilú Oba de Min foi até padaria comprar fermento biológico e conta que ouviu de dono: “Sai! Não temos nada para dar, não”
Paulo Eduardo Dias (Ponte)
“Eu não queria passar por isso. Essas pessoas que fazem isso não sabem o tipo de marca que deixam na gente”. Esse é atual sentimento da arte educadora e percussionista do Bloco Afro Ilú Oba De Min Elisabeth Belisário, 52 anos, conhecida como Beth Beli, depois de, segundo ela, ser vítima de racismo em uma tradicional padaria localizada em Santa Cecília, região central da capital paulista.
Na segunda-feira da semana passada (18/5), Beth Beli foi até o local para comprar fermento biológico. Ela conta que estava de carro com a sua companheira, que dirigia o automóvel. Beth foi até a entrada da Padaria & Confeitaria Palmeiras, localizada na esquina das avenidas Marechal Deodoro e Albuquerque Lins, e, sem passar pela catraca, perguntou a uma funcionária se ela tinha o produto, já que era a única coisa que ia precisar.
A musicista afirma que, antes mesmo que a mulher respondesse sua pergunta, um homem, que ela reconheceu ser um dos donos, gritou do balcão: “sai, que não temos nada para dar, não”. Em uma reação espontânea, ela questionou o que o homem havia dito, além de dizer: “fala direito comigo”. Mas recebeu como resposta, “sai, que não tem nada para você aqui”.
Nesse momento, Beth Beli, que estava de máscara para se proteger da covid-19, conta que não se conteve e começou a chorar de soluçar enquanto voltava para o carro em que sua companheira a esperava. A arte educadora explicou que não conseguiu se expressar diante do racismo praticado contra ela. Só teve dimensão da gravidade do que aconteceu quando chegou em casa, no bairro da Casa Verde, na zona norte da cidade de São Paulo, e conseguiu contar para a companheira os detalhes do que havia acontecido na entrada da padaria.
Saiba mais em: https://brasil.elpais.com/brasil/2020-05-27/beth-beli-o-racista-nao-faz-ideia-o-tipo-de-marca-que-deixa-na-gente.html
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