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Brasil, austericídio e IDH

Por Paulo Kliass

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) acaba de divulgar seu relatório global, com as informações relativas ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O documento apresenta as estatísticas para um total de 189 países, com dados coletados para o ano de 2019.

Uma das maiores dificuldades existentes no campo da teoria econômica tradicional se refere a mecanismos e metodologias para avaliar, de forma abrangente e multidisciplinar, as capacidades de um determinado país. A informação que foi utilizada durante décadas resumia-se àquilo que era extraído da contabilidade nacional: o Produto Interno Bruto, o famoso PIB. Ocorre que tal número, tomado de forma isolada e a frio, pouco contribui para expressar e analisar a complexidade da realidade social, cultural, política e mesmo econômica de um país.

É compreensível que países com população mais reduzida e menor extensão territorial, por exemplo, venham a apresentar em média PIBs mais modestos. Afinal, esse indicador pretende refletir tudo aquilo que foi produzido sob a forma de bens e serviços em uma sociedade ao longo de um determinado período. Porém, o fator populacional não resolve toda a questão, pois ele depende da capacidade instalada de produção. Se não fosse assim, a China e a Índia deveriam ter há décadas os maiores PIBs do mundo. E o primeiro só agora começa a alcançar os Estados Unidos, em razão de seu elevado desenvolvimento econômico recente e não apenas por conta da condição de nação mais populosa do planeta.

Indicadores de desenvolvimento econômico e social.

Em razão dessa dificuldade, começaram a surgir novos indicadores, com o objetivo de comparar a evolução de um determinado país no tempo e também permitir algum grau de comparação entre nações diferentes. O PIB per capita tenta avançar por esse caminho, ao dividir a capacidade de produção pelo número de habitantes. Porém, ainda assim permanecem dúvidas a respeito da qualidade de vida da população de tal país. E também não são esclarecidas questões a respeito de como os diferentes grupos sociais se apropriam daquilo o que é produzido. Ou seja, o PIB/capita também se revela pouco apropriado para compreendermos a questão das desigualdades no interior de uma formação social.

Assim foram sendo construídos novas famílias de indicadores. O IDH nasce desse tipo de insuficiência, a partir dos trabalhos elaborados ao longo das décadas de 1980 e 1990 por alguns economistas críticos do establishment, dentre eles Amartya Sen e Mahbub ul Haq. O PNUD incorpora tais contribuições e passa a divulgar o índice em seu Relatório Anual a partir de 1993.

A intenção dos proponentes era oferecer uma abordagem mais abrangente para avaliação da realidade de países. Assim o IDH incorpora três dimensões: i) saúde: ii) educação; e, iii) renda. Pra cada uma destas variáveis são aplicados indicadores que permitam uma comparação global. Assim temos a ponderação entre: i) expectativa de vida ao nascer; ii) taxa de escolarização e alfabetização; e, iii) PIB/capita.

Saiba mais em: https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia-Politica/Brasil-austericidio-e-IDH/7/49511

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